Procuradores da Lituânia anunciaram na segunda-feira (9) a prisão de um membro de um partido conservador de oposição sob a acusação de espionagem para a Rússia. O caso envolve um cidadão lituano de 82 anos, com dupla cidadania, suspeito de colaborar com o GRU, agência de inteligência militar russa, desde 2018. As informações são do jornal The Moscow Times.
Segundo Arturas Urbelis, representante do Ministério Público, o suspeito forneceu informações sobre partidos políticos, capacidades de defesa da Lituânia e detalhes de pessoas deportadas durante a ocupação soviética. “Ele tem dupla cidadania de Lituânia e Rússia, pertence aos Democratas Cristãos Lituanos e à União de Exilados e Prisioneiros Políticos da Lituânia”, afirmou Urbelis.

Embora as informações coletadas não fossem secretas, a gravidade do caso está em seu valor estratégico. “As informações reunidas não eram classificadas, mas eram significativas e de interesse para a Rússia”, explicou o vice-chefe de inteligência lituano, Remigijus Bridikis, em entrevista coletiva.
De acordo com as autoridades, o suspeito usava rádios especializados para transmitir os dados por ondas de rádio criptografadas. Ele teria retornado à Lituânia em 1997, após o país recuperar sua independência, e morava na cidade de Siauliai, no norte do país.
Fontes anônimas dizem que o acusado é Eduardas Manovas, embora a identidade oficial do suspeito não tenha sido confirmada pelas autoridades. O caso levanta preocupações em um país que é um dos principais apoiadores da Ucrânia e teme ser o próximo alvo da Rússia, caso Moscou saia vitoriosa no conflito contra Kiev.
O líder do partido conservador lituano declarou que, caso a investigação confirme a participação de Manovas no caso de espionagem, ele será expulso da legenda. “Solicitamos oficialmente informações às autoridades para tomar as medidas necessárias”, afirmou.
A Lituânia, membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e da União Europeia (UE), tem reforçado sua vigilância em meio ao aumento das tensões com a Rússia, especialmente após a invasão da Ucrânia em 2022. O caso ressalta os desafios crescentes de segurança enfrentados pelo país na fronteira oriental da aliança ocidental.