A Polônia está considerando a possibilidade de utilizar seus sistemas de defesa aérea para abater mísseis disparado pela Rússia em direção à Ucrânia, no contexto da guerra travada entre os dois países, mas ainda não bateu o martelo sobre a decisão. A informação foi dada pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores polonês, Pawel Wronski, em um comentário à agência ucraniana Ukrinform.

A fala foi uma reação às declarações feitas à agência Reuters pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, e do ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, sobre a possibilidade de utilizar os sistemas de defesa aérea de aliados ocidentais para abater mísseis russos sobre o território ucraniano.  

“Estamos avaliando essa questão sob os aspectos jurídico e técnico, mas ainda não tomamos nenhuma decisão a respeito”, afirmou Vronsky.

Vronsky explicou que as discussões na Polônia surgiram após um míssil russo violar o espaço aéreo do país em março deste ano, permanecendo lá por 39 segundos. As conversas com Kiev, segundo ele, focam em se os sistemas de defesa aérea poloneses poderiam abater tais mísseis sobre o território da Ucrânia e quais seriam as consequências legais disso.

O porta-voz da pasta de Relações Exteriores polonês destacou ainda que é necessário que especialistas em direito internacional analisem as implicações legais dessa medida, vez que os mísseis em questão possuem ogivas pesadas que podem causar danos consideráveis ao solo quando atingem o solo. Além disso, acrescentou que especialistas devem avaliar e concordar sobre as condições para a interceptação desses mísseis.

Wronski esclareceu que Varsóvia não está considerando transferir nenhuma de suas unidades de defesa aérea para a Ucrânia, segundo o jornal Kyivi Independent.

“Não estamos discutindo isso na Polônia. Não há possibilidade de o sistema de defesa aérea polonês estar além das fronteiras do país”, afirmou ele.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, disse na terça-feira (21) que os aliados de Kiev têm o direito de abater mísseis russos que cruzam o espaço aéreo ucraniano.

Enquanto isso, Janusz Onyshkiewicz, ex-ministro da Defesa da Polônia e especialista em segurança, sugeriu que a Polônia, junto com seus parceiros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), poderia interceptar mísseis russos direcionados à Ucrânia. No entanto, ele destacou que tal ação exigiria decisões políticas tanto da aliança militar quanto de Kiev, além de acesso a informações detalhadas sobre o espaço aéreo ucraniano.

Enquanto as tensões aumentam na região, a presença militar na Polônia intensifica-se. Aeronaves militares polonesas e de países aliados têm sido uma visão comum nos céus poloneses, especialmente após o recente ataque de mísseis da Rússia no território ucraniano.

Durante ataques massivos de mísseis russos contra a Ucrânia, Varsóvia teve que mobilizar seus caças para proteger seu espaço aéreo, segundo a revista Newsweek. A Polônia relatou que mísseis russos direcionados ao oeste da Ucrânia violaram seu espaço aéreo em várias ocasiões. A Rússia afirmou que as incursões foram acidentais.

Em março, um míssil disparado pela Rússia em direção à Ucrânia atravessou o espaço aéreo da Polônia a 360 metros de altitude. A ocorrência levou Varsóvia a ativar seus sistemas de defesa antiaérea, ameaçando abater quaisquer artefatos que se aproximem de suas fronteiras.