No último domingo (24), um míssil disparado pela Rússia em direção à Ucrânia, no contexto da guerra travada entre os dois países, atravessou o espaço aéreo da Polônia a 360 metros de altitude. A ocorrência levou Varsóvia a ativar seus sistemas de defesa antiaérea, ameaçando agora abater quaisquer artefatos que se aproximem de suas fronteiras. As informações são da revista Newsweek.
Andrzej Szejna, vice-ministro das Relações Exteriores da Polônia, diz que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), da qual seu país é membro, vem tratando da questão em parceria com Varsóvia.
“A Otan está analisando diferentes conceitos, incluindo que tais mísseis devem ser abatidos quando estão muito perto da fronteira da Otan”, disse ele. “Mas isso deve acontecer com o consentimento do lado ucraniano e tendo em conta as consequências internacionais.”
Por sua vez, o general Stanislaw Koziej afirmou que o incidente não parece acidental. “Tais situações podem ser provocadas deliberadamente pelo inimigo para testar o sistema de defesa aérea polonês”, disse ele, conforme relatou a agência de notícias Anadolu.
A mesma posição foi adotada por Anton Gerashchenko, conselheiro de assuntos internos do governo ucraniano.
“Eu já disse antes que a Rússia utilizará diferentes formas de cutucar a Otan e observar sua reação. A Rússia pode não querer atacar diretamente a Otan, mas ficará feliz se a Otan simplesmente ruir”, disse ele através da rede social X, antigo Twitter. “Estará a Otan tomando consciência da ameaça?”
Polish Foreign Ministry: NATO is considering shooting down Russian missiles near its borders – Deputy Foreign Minister of Poland Andrzej Szejna told RMF FM.
— Anton Gerashchenko (@Gerashchenko_en) March 26, 2024
Mr. Szejna noted that the violation of Polish airspace by a Russian missile this weekend was a test of the strength of the… https://t.co/gkegDsev2P pic.twitter.com/jW6xNs7G9E
A Tensão entre a Rússia e a Otan tem se intensificado nas últimas semanas, com diversas autoridades da aliança inclusive sugerindo a possibilidade de enviar tropas para apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia.
O primeiro a fazer tal sugestão foi o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico. Visto como um simpatizante de Moscou na aliança, a fala dele foi encarada inicialmente como uma possível tentativa de fortalecer a retórica russa de que enfrenta não apenas Kiev, mas também o Ocidente. Logo na sequência, porém, o francês Emmanuel Macron mostrou que a projeção do líder estoniano foi precisa.
“Não há consenso hoje sobre enviar tropas oficiais e endossadas para o terreno. Mas, em termos de dinâmica, nada pode ser descartado”, disse o presidente francês no final de fevereiro, segundo a agência Associated Press. “Faremos tudo o que for necessário para que a Rússia não possa vencer a guerra.”
Mais recentemente, o ministro das Relações Exteriores polonês, Radoslaw Sikorski, seguiu pelo mesmo caminho. “A presença de forças da Otan na Ucrânia não é impensável. Agradeço a iniciativa do presidente francês Emmanuel Macron, porque se trata de Putin ter medo, não de termos medo de Putin”, disse ele através do X.
💬 The presence of #NATO forces in Ukraine is not unthinkable. I appreciate the 🇫🇷 President Emmanuel Macron's initiative, because it is about Putin being afraid, not us being afraid of Putin.
— Ministry of Foreign Affairs 🇵🇱 (@PolandMFA) March 8, 2024
| FM @sikorskiradek during a conference on NATO at @PLParliament pic.twitter.com/yVZc3AlbJZ