Nesta terça-feira (8), a Polônia anunciou o envio de mais mil soldados para reforçar a fronteira com Belarus, que tem sido palco de tensões recentes, segundo informações da agência estatal local PAP repercutidas pela rede Deutsche Welle.
O Ministério da Defesa tomou essa decisão em um contexto de aumento recente nas travessias ilegais de fronteira e atendendo a um pedido da guarda de fronteira feito na segunda-feira (7), já que havia preocupações crescentes de que as autoridades belarussas poderiam tentar empurrar migrantes através da linha entre os países, relembrando a crise migratória de 2021, quando dezenas de milhares atravessaram ou tentaram atravessar para o território polonês a partir de Belarus.
O vice-ministro do Interior, Maciej Wasik, acusou Minsk de planejar um novo fluxo migratório para a União Europeia (UE) através da fronteira polonesa. Segundo ele, as travessias estão sendo coordenadas por guardas de fronteira belarussos, sem cuja cooperação “a passagem não seria viável”.
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Wasik mencionou que os serviços belarussos utilizaram ferramentas para danificar a cerca fronteiriça, facilitando a passagem dos migrantes.
Além disso, o vice-ministro relatou um aumento nos incidentes de agressões contra os guardas de fronteira, soldados e policiais poloneses na região fronteiriça. Ele informou que foram arremessadas garrafas, pedras e galhos, e citou um incidente ocorrido em junho, no qual um objeto possivelmente disparado de uma arma pneumática perfurou a janela de um veículo da guarda de fronteira.
A alegada presença da organização de mercenários Wagner Group próximo à fronteira também intensificou a situação. O primeiro-ministro Mateusz Morawiecki afirmou que essa medida tem como intuito desestabilizar o flanco oriental da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Por que isso importa?
Em 2021, a Polônia ergueu uma cerca de aproximadamente 5,5 metros de altura ao longo das porções terrestres de sua fronteira com Belarus, na tentativa de conter a onda de migrantes que tentam ingressar no país. A maioria são cidadãos de países do Oriente Médio, como Iraque, Síria e Afeganistão, que passam por Belarus e são direcionados aos países da UE.
Além da Polônia, a questão tornou-se problemática também para três ex-repúblicas soviéticas, Lituânia, Letônia e Estônia.
Os países acusam o presidente belarusso Alexander Lukashenko de incentivar o movimento de migrantes rumo à fronteira. A ação seria uma resposta do mandatário às sanções impostas pelo bloco a Belarus, acusado de reprimir violentamente as manifestações pró-democracia de agosto de 2020.