Após prisão de jornalista, Polônia fecha posto de fronteira e chama Belarus de “Estado autoritário”

Varsóvia diz que sancionará integrantes do governo belarusso como reação à condenação de Andrzej Poczobut a oito anos de prisão

O governo da Polônia anunciou na quinta-feira (9) um pacote de punições contra Belarus, entre elas o fechamento de um dos postos de fronteira que ligam os dois países. Classificando a nação vizinha como “Estado autoritário”, Varsóvia adotou tais medidas um dia após o jornalista polonês Andrzej Poczobut ter sido condenado a oito anos de prisão em Minsk.

“Devido ao importante interesse da segurança do Estado, decidi suspender até novo aviso, a partir de 10 de fevereiro deste ano, às 12h, o tráfego na fronteira polaco-belarussa em Bobrowniki”, disse o ministro do Interior polônes, Mariusz Kamiński, em comunicado publicado no site do governo.

Citando o caso de Poczobut, cuja condenação Varsóvia considera “politicamente motivada”, Kamiński afirmou também que serão impostas novas sanções contra “pessoas associadas ao regime de Lukashenko responsáveis ​​​​pela repressão contra os poloneses em Belarus”.

Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores disse, em outro comunicado, que recebeu a notícia da condenação do profissional “com grande indignação”, classificando a nação vizinha como “Estado autoritário”. Diz o texto: “Politicamente motivado e visando à identidade polonesa, este julgamento-espetáculo e a sentença de hoje são um sinal claro das ações antipolonesas das autoridades belarussas”.

O jornalista polonês Andrzej Poczobut, julgado e condenado em Belarus (Foto: WikiCommons)
“Terrorista”

Poczobut entrou na mira do presidente belarusso Alexander Lukashenko por defender os protestos que ocorreram em Belarus em 2020, reação popular contra uma eleição que gerou denúncias globais de fraude para reeleger o ditador.

Preso desde 2021, o jornalista também costuma se posicionar em defesa dos cidadãos poloneses em Belarus. Outra ação ilegal atribuída a ele pela justiça de Belarus foi ter classificado como “agressão” a invasão da Polônia pela União Soviética em 1939. Assim, ele teve o nome inserido na “lista de pessoas envolvidas em atividades terroristas”.

“O preso político foi acusado de apelar a ações restritivas destinadas a causar danos à segurança nacional da República de Belarus (parte 3 do artigo 361 do Código Penal), bem como de incitar outros ódios ou discórdias sociais (parte 3 do artigo 130 do Código Penal)”, declarou o grupo de direitos humanos Viasna sobre o julgamento de Poczobut.

De acordo com Varsóvia, a condenação é mais um episódio da “discriminação sistêmica de longa data contra a minoria nacional polonesa em Belarus”. Dados do censo nacional belarusso de 2019 indicam que viviam no país à época 300 mil poloneses étnicos. Porém, o governo polonês afirma que o número real pode chegar a 1,1 milhão, de acordo com o site Político.

Minsk reagiu à decisão de fechamento do posto de fronteira dizendo que a situação para atravessar a divisória entre os países “se tornará catastrófica”, segundo informou a agência Reuters. De acordo com o governo belarusso, “a carga nos dois pontos de verificação restantes aumentará criticamente”, o que pode “levar a um colapso em ambos os lados da fronteira”.

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