Premiê sueco diz que atenderá demandas da Turquia para ingressar na Otan

Ulf Kristersson promete concessões no combate ao terrorismo enquanto busca o aval de Recep Erdogan para a candidatura

Durante visita a Ancara na terça-feira (8), o novo primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, se comprometeu a trabalhar para combater as ameaças de “terrorismo” à Turquia. O líder busca a aprovação turca para a candidatura de seu país à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), tendo como obstáculo o poder de veto do presidente Recep Erdogan, que diz que nações escandinavas “hospedam terroristas”. As informações são da agência Associated Press.

Após o encontro, que teve como objetivo avançar com o projeto de adesão à aliança atlântica, Kristersson anunciou uma nova reunião para o final do mês, dessa vez em Estocolmo, onde ele espera ter “uma conclusão mais positiva”.

Tanto a Suécia quanto a Finlândia têm planos de se juntar à Otan, anunciados em maio. Ambos países abandonaram suas políticas de longa data de não alinhamento militar e solicitaram a adesão após as tropas de Vladimir Putin invadirem a Ucrânia em fevereiro.

Jens Stoltenberg, chefe da Otan: candidaturas seguem à espera de aval (Foto: reprodução/Facebook)

Enquanto 28 dos 30 Estados da aliança ratificaram as mudanças do tratado em seus parlamentos nacionais, a fim de aprovar aceitação dos países nórdicos, Hungria e Turquia têm frustrado o estouro da garrafa de champanhe por Helsinque e Estocolmo.

Erdogan tem pressionado as duas nações postulantes a reprimir indivíduos que considera terroristas, sobretudo as milícias curdas PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos) e YPG (Unidade de Proteção do Povo), bem como pessoas que o governo suspeita de orquestrar um golpe fracassado de 2016 no país.

“Meu governo foi eleito há apenas algumas semanas com o mandato de colocar a lei e a ordem em primeiro lugar”, disse Kristersson durante uma entrevista coletiva conjunta com Erdogan. “E isso inclui combater o terrorismo e organizações terroristas como o PKK na Suécia”.

O premiê sueco ainda mandou uma mensagem para “tranquilizar” os turcos, dizendo que seu país irá honrar todos os compromissos firmados com a Turquia na luta antiterrorista antes de se tornar membro da Otan e como “um futuro aliado”, disse ele.

Erdogan saudou o compromisso do novo governo sueco em cumprir as obrigações acordadas entre Turquia, Suécia e Finlândia antes de uma cúpula da Otan em junho, mas disse que seu país queria ver “passos concretos”.

“A Suécia quer a adesão à Otan para sua própria segurança. Queremos ver uma Suécia que apoie nossas preocupações de segurança sendo atendidas”, disse o mandatário turco.

Longo caminho

Avanços significativos ocorreram, mas ainda há muita água para rolar. De acordo com o presidente do parlamento turco, Mustafa Sentop, Estocolmo ainda tem “muitos passos a dar” antes que o Legislativo local endosse sua adesão à Otan. 

Entre as questões em aberto, Sentop alegou que grupos classificados pela Turquia como terroristas ainda têm capacidade de coordenar “atividades de propaganda, financiamento e recrutamento” em território sueco.

O regime de Kristersson, que é de centro-direita, está adotando uma política mais linha dura não apenas em relação ao PKK, mas também em relação ao YPG e seu braço político, o PYD. Ancara trata o YPG como o braço sírio do PKK.

Na Síria, a porta-voz do PYD, Sama Bakdash, acusou a Turquia de apoiar “facções terroristas” no país.

“Acreditamos que a submissão do governo sueco à chantagem turca contradiz os princípios e a moral da sociedade sueca e as atitudes humanitárias que caracterizaram a Suécia”, disse ela.

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