Prisioneiros de guerra foram executados por soldados russos na Ucrânia, diz investigador

Vídeo mostra três combatentes mortos a tiros mesmo após terem se entregado a soldados russos. Kiev quer levar caso à Justiça

Três prisioneiros de guerra ucranianos foram sumariamente executados por soldados russos na região de Zaporizhzhya neste mês, segundo um investigador ucraniano que teve acesso a imagens do episódio e confirmou a autenticidade delas. A informação foi divulgada na quinta-feira (28) pelo jornal The New Voice of Ukraine.

De acordo com Yuri Belousov, os responsáveis foram soldados da 76ª Divisão de Assalto Aéreo da Rússia, um destacamento que atuou também no conflito de Donbass em 2014 e mais recentemente foi acusado de cometer atrocidades na cidade ucraniana de Bucha nos primeiros meses da guerra, iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

Os três soldados ucranianos executados teriam sido capturados perto da cidade de Robotyne, na região de Zaporizhzhya. Uma hora depois, eles foram executados a tiros pelos militares russos, cena capturada em um vídeo que mais tarde circulou nas redes sociais. A execução de prisioneiros configura crime de guerra, com base nas leis internacionais.

Exército russo coleciona denúncias de crimes de guerra na Ucrânia (Foto: divulgação/eng.mil.ru)

De acordo com a agência Reuters, o governo da Ucrânia abriu uma investigação própria para apurar a ocorrência e eventualmente levar os militares responsáveis à Justiça.

“Este é mais um caso de violação grave, por parte do país agressor, do direito humanitário internacional no que diz respeito ao tratamento de prisioneiros de guerra”, afirmou a Procuradoria-Geral ucraniana em comunicado.

Recincidência

No início do mês, Kiev fez denúncia semelhante, baseada em mais um vídeo que supostamente mostra soldados russos executando sumariamente outros dois combatentes ucranianos que se rendiam na saída de um abrigo.

Mais um episódio envolvendo prisioneiros de guerra ocorreu em 29 de julho de 2022, na prisão de Olenivka, quando uma explosão matou 53 ucranianos que haviam se rendido às forças russas na siderúrgica de Azovstal, em Mariupol.

Até hoje o controvertido episódio de Olenivka não foi esclarecido, e as trocas de acusações entre russos e ucranianos persistem.

Kiev afirma que Moscou detonou explosivos para destruir as instalações e assim ocultar outros crimes de guerra cometidos ali, como tortura e execuções extrajudiciais. A Rússia, por sua vez, alega que as forças de Kiev atacaram a prisão e causaram as mortes de seus próprios combatentes.

Crimes de guerra

O governo da Ucrânia criou um site para registrar as vítimas civis e os crimes de guerra cometidos pelas forças da Rússia somente no conflito iniciado em 2022. No canal, Kiev relata que já morreram mais de dez mil civis e que outros 18,5 mil ficaram feridos, conforme dados atualizados até esta semana. Entre os mortos estão 513 crianças.

No mesmo site, o governo ucraniano alega que foram documentados 120.301 crimes de guerra cometidos pelas tropas de Moscou. A ONU (Organização das Nações Unidas) costuma endossar as estatística divulgadas pela Ucrânia, com seus boletins esporádicos apresentando dados semelhantes.

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