Promotores acusam a Rússia de liderar uma tentativa de golpe na Armênia

Moscou teria pagado e treinado insurgentes com o objetivo de derrubar o governo armênio pró-Ocidente

A Armênia acusou a Rússia de liderar uma tentativa fracassada de golpe para derrubar o governo do primeiro-ministro Nikol Pashinian, que nos últimos meses vem se distanciando de Moscou e fortalecendo os laços com o Ocidente. A denúncia foi feita por promotores de Justiça armênios, com as informações reproduzidas pelo site Politico.

O Comitê Investigativo da República da Armênia publicou um comunicado na quarta-feira (18) segundo o qual sete pessoas foram identificadas como integrantes da trama, com três acusados presos.

Os suspeitos teriam recebido uma remuneração mensal de 220 mil rublos russos (R$ 13 mil) para participar do golpe. Eles ainda “passaram por um treinamento de três meses na Federação Russa e durante esse tempo se familiarizaram com novas armas pesadas”.

O premiê da Armênia, Nikol Pashinian (esq.), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, maio de 2018 (Foto: Kremlin/divulgação)

O treinamento teria ocorrido em uma base militar russa em Rostov-on-Don, e após esse processo os indivíduos deveriam retornar à Armênia e treinar outros membros da trama.

A denúncia surge em um momento de distanciamento entre Armênia e Rússia, antigos aliados. A crise começou com a tomada da região de Nagorno-Karabakh pelo Azerbaijão em setembro de 2023. As Forças Armadas azeris empreenderam uma rápida e eficaz ofensiva militar e reassumiram o controle do enclave, alvo de disputa desde o fim da União Soviética.

Pashinian acusou Moscou de conivência com a ofensiva azeri e desde então passou a adotar medidas que contrariam os interesses russos. Entre elas, a adesão em outubro de 2023 ao Tribunal Penal Internacional (TPI), movimento classificado como “extremamente hostil” pelo Kremlin.

Em outro sinal de que pretende se voltar cada vez mais ao Ocidente, abandonado de vez a parceria com a Rússia, a Armênia determinou que soldados russos que estavam estacionados em sua fronteira se retirassem, o que foi acatado por Moscou.

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