Nem mesmo as festividades de Ano Novo esfriaram o movimento pró-União Europeia (UE) na Geórgia, que já dura mais de um mês. Milhares de pessoas se reuniram na capital, Tbilisi, na noite do dia 31 de dezembro para exigir a retomada das negociações de adesão à UE, suspensas pelo governo em novembro. As informações são da Euronews.
Os manifestantes, que lotaram a emblemática Avenida Shota Rustaveli em frente ao parlamento, celebraram a chegada de 2025 com fogos de artifício, mensagens políticas e gestos de solidariedade. Bandeiras da Geórgia e da UE tremulavam enquanto participantes compartilhavam pratos típicos caseiros em mesas montadas ao longo da avenida, inclusive oferecendo comida a turistas que visitavam a cidade.

Raízes do movimento
As manifestações começaram em 28 de novembro, dias após o primeiro-ministro Irakli Kobakhidze anunciar a suspensão das negociações de adesão à UE por um período de quatro anos. Kobakhidze acusou membros do bloco europeu de “chantagem e manipulação” nas discussões. A decisão gerou indignação entre os cidadãos georgianos, que veem a integração europeia como essencial para o futuro político e econômico do país.
O movimento foi impulsionado por tensões pré-existentes que surgiram após as eleições parlamentares de 26 de outubro, nas quais a oposição acusou o governo de irregularidades e falta de transparência.
Resposta do governo
O governo, por sua vez, atribui os protestos a uma suposta tentativa de desestabilização promovida por forças apoiadas pelo Ocidente, incluindo aliados da ex-presidente Salome Zourabichvili e partidos de oposição. Em uma declaração recente, Kobakhidze acusou os manifestantes de buscar “derrubar o governo por meio de manifestações de rua”.
Enquanto isso, a comunidade internacional reagiu com críticas à postura do governo georgiano. Os Estados Unidos e países europeus anunciaram sanções contra altos funcionários do governo, condenando o que classificam como um retrocesso democrático.
Ano Novo, velhas demandas
Na virada do ano, os manifestantes renovaram seu apelo por eleições parlamentares antecipadas e pela retomada das negociações de adesão à União Europeia. Entre as palavras de ordem gritadas pela multidão estavam: “Queremos a Europa, não a corrupção!” e “Novas eleições já!”.
A situação na Geórgia tem sido tensa devido à influência russa na região. A Rússia tem mantido uma presença militar significativa na Ossétia do Sul e na Abecásia, duas regiões que se separaram da Geórgia após conflitos nos anos 1990 e 2008. Essas áreas são reconhecidas pela Rússia como estados independentes, mas a comunidade internacional, incluindo a Geórgia, considera-as como territórios ocupados.