O presidente da Rússia, Vladimir Putin, demitiu nesta terça-feira (24) um alto funcionário do Comitê de Investigação que estava à frente de um caso contra o ex-governador da região de Khabarovsk, Sergei Furgal. As informações são da Radio Free Europe.
O decreto presidencial sobre a demissão de Rostislav Rassokhov foi colocado no registro online de documentos legais, não informando, porém, por que o vice-presidente do Comitê de Investigação havia sido afastado do cargo.
Rassokhov supervisionou o caso contra Furgal, preso por suspeita de dois assassinatos de empresários e uma tentativa de assassinato. Os crimes teriam ocorrido entre 2004 e 2005, quando atuava com importação de produtos como madeira e metais.
A prisão de Furgal gerou indignação da população, que realizou manifestações quase diárias durante vários meses após a prisão dele. Os apoiadores alegaram motivação política para a detenção.
Para os moradores de Khabarovsk, no caso, a denúncia foi infundada e o Kremlin estaria atentando contra a democracia.
Rassokhov também supervisionou o caso contra Mikhail Abyzov, ex-ministro para Assuntos Governamentais Abertos preso em março de 2019 sob acusações de peculato rejeitadas por ele e seus apoiadores. Tal prisão é tida para observadores em Moscou como parte de uma repressão dos serviços de segurança e inteligência russos contra políticos reformistas.
Ascensão e queda
Rassokhov foi nomeado para a função em maio de 2020, substituindo Igor Krasnov, então empossado procurador-geral.
Antes disso, Rassokhov chefiou a diretoria do Comitê de Investigação para investigações de casos graves, uma unidade de investigação de elite do comitê.
Em abril, o status da unidade de Rassokhov foi rebaixado e ele foi conduzido do cargo de supervisão de investigações de crimes graves para a supervisão das filiais do Comitê de Investigação na Sibéria e no Extremo Oriente.
Em 2013, Rassokhov supervisionou a primeira investigação contra um governador regional na Rússia moderna, que terminou com a sentença do ex-governador da região ocidental de Tula, Vyacheslav Dudka, a quase 10 anos de prisão por peculato.
A queda de Rassokhov ocorre em meio a previsões não oficiais de que Aleksandr Bastrykin, que está há mais dez anos como chefe do Comitê de Investigação, pode ser substituído em breve.