Reino Unido diz que jato com o secretário de Defesa sofreu ataque ao GPS perto da Rússia

Interferência foi registrada na região de Kaliningrado, território russo de onde partiu um sinal semelhante no final de dezembro

O avião da Real Força Aérea (RAF) britânica que conduzia o secretário da Defesa do Reino Unido, Grant Shapps, sofreu uma interferência que comprometeu o sinal do GPS (Sistema de Posicionamento Global) quando trafegava entre o país e a Polônia, perto do território da Rússia. O problema não colocou em risco a segurança dos passageiros, segundo relatou a rede BBC.

O incidente ocorreu na quarta-feira (13) nos dois sentidos da viagem, sempre no momento em que a aeronave trafegava nas imediações de Kaliningrado, um exclave russo no Mar Báltico. Além de comprometer o funcionamento do GPS, o problema também impediu que os celulares dos passageiros acessassem a internet.

O fato de a interferência ter ocorrido nas imediações da Rússia sugere que o país tenha relação com a ocorrência. Segundo uma autoridade ocidental ouvida pela BBC, Moscou tem “capacidades significativas de guerra eletrônica” em Kalinigrado e “não seria surpreendente, infelizmente, se uma aeronave entrasse em conflito com isso de alguma forma.”

Grant Shapps, secretário de Defesa britânico (Foto: Number 10/Flickr)
Moscou tem antecedentes

O incidente não é novidade. No último dia de 2023, a Finlândia relatou problemas incomuns no GPS, com interferências no sinal em várias regiões do país. Na oportunidade, o problema foi associado a Moscou, após uma investigação confirmar o território russo como origem, justamente na região do Báltico. Como no caso da autoridade britânica, aviões foram as grandes vítimas.

John Wiseman, que coleta dados sobre interferência de GPS e publica mapas no popular GPSJam.org, um site que registra e documenta problemas no sistema, descreveu a situação como “sem precedentes” devido ao elevado número de aeronaves afetadas e à vasta área geográfica impactada.

Wiseman, em entrevista à revista Newsweek, afirmou que, apesar da culpa apontada para a Rússia, não houve evidências sólidas de envolvimento de Moscou. Ele destacou que o anúncio de um exercício da “unidade de guerra eletrônica da Frota do Báltico” pelo Ministério da Defesa russo, em 22 de dezembro, precedeu o aumento da interferência na região.

Já Jukka Savolainen, diretor da Hybrid Competence Center, que estuda guerras híbridas, afirmou à rede finlandesa YLE que as perturbações podem ter sido causadas de forma intencional ou serem efeitos colaterais das atividades russas.

Em janeiro deste ano, o think tank Instituto para o Estudo da Guerra divulgou uma análise afirmando que “as recentes perturbações generalizadas do GPS na Polônia e na região do Báltico suscitam especulações sobre o potencial funcionamento dos sistemas russos de guerra eletrônica na região.”

A entidade acrescentou que, embora não possa verificar de “forma independente a causa dos níveis de interferência do GPS, é notável a sugestão de que as capacidades russas de guerra eletrônica no Oblast de Kaliningrado poderiam ter um impacto tão significativo na Polônia e na região do Báltico.”

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