Evidências conectam Moscou a interferências no sistema GPS da Finlândia

Problemas nos sinais de navegação foram detectados nesta semana no mais novo membro da Otan, afetando motoristas e pilotos

No último fim de semana, a Finlândia, que agora faz parte da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), teve problemas incomuns no Sistema de Posicionamento Global (GPS), com interferência no sinal de navegação em várias regiões do país. Tanto pilotos quanto motoristas foram afetados pelas falhas, e surgem pistas que associam Moscou ao problema. A origem teria sido o território mais a oeste da Rússia, segundo a revista Newsweek.

A Agência de Transportes e Comunicações da Finlândia (Traficom) identificou perturbações no sistema de navegação usado por pilotos e motoristas no leste e sudeste do país no domingo passado (31).

Bandeiras da Finlândia e da Otan hasteadas diante do Merikasarmi, o principal edifício do Ministério das Relações Exteriores finlandês (Foto: WikiCommons)

John Wiseman, que coleta dados sobre interferência de GPS e publica mapas no popular GPSJam.org, um site que registra e documenta problemas no sistema, descreveu a situação como “sem precedentes” devido ao elevado número de aeronaves afetadas e à vasta área geográfica impactada.

Wiseman, em entrevista à Newsweek, afirmou que, apesar da culpa apontada para a Rússia, ainda não existem evidências sólidas de envolvimento de Moscou no incidente. Ele destaca que o anúncio de um exercício da “unidade de guerra eletrônica da Frota do Báltico” pelo Ministério da Defesa russo, em 22 de dezembro, precedeu o aumento da interferência na região.

Wiseman sugere que, embora testes militares sejam uma fonte comum de interferência no GPS, seria incomum afetar uma região extensa sem aviso, caso fosse Finlândia, Polônia ou Otan.

Apesar disso, as autoridades garantem que tais interferências não representam ameaças ao tráfego aéreo.

Enquanto as tensões entre a Finlândia e a Rússia aumentam desde a adesão de Helsinque à aliança militar transatlântica em abril de 2023, a mídia finlandesa está repleta de especulações, embora evidências concretas sobre a responsabilidade de Moscou nessas perturbações ainda estejam ausentes.

Moscou criticou Helsinque por se juntar à aliança e fortalecer a cooperação militar com os EUA. Por sua vez, a Finlândia acusou a Rússia de agravar uma crise migratória ao enviar refugiados para suas fronteiras, uma acusação negada pelo Kremlin.

Em setembro de 2022, sete meses após o início da guerra, a Finlândia registrou uma escalada migratória de cidadãos russos, reflexo da mobilização militar parcial anunciada no mesmo mês pelo presidente Vladimir Putin.

A origem

Jukka Savolainen, diretor da Hybrid Competence Center, que estuda guerras híbridas, afirmou à rede finlandesa YLE que as perturbações podem ter sido causadas de forma intencional ou serem efeitos colaterais das atividades russas. “Considero muito provável que venha dos sistemas do lado russo”, disse.

Enquanto isso, Markus Jonsson, um usuário do X, antigo Twitter, que escreve sobre inteligência de código aberto, compartilhou um mapa que aponta a origem das interferências.

Para mais de dez mil seguidores, Jonsson compartilhou: “Eu acho que descobri a localização do Baltic Jammer“, disse ele. “Em Kaliningrado, Rússia”, acrescentou, referindo-se ao exclave russo no Mar Báltico, que batizou o problema.

Desde 15 de dezembro, aeronaves têm enfrentado erros de navegação sobre o sul do Mar Báltico, conforme a postagem: “Ao traçar a interferência máxima para cada posição ruim, uma área se destaca: Kaliningrado”.

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