O número de vítimas civis e a destruição de infraestrutura essencial aumentaram significativamente na Ucrânia entre junho e agosto de 2024. É o que aponta o mais recente relatório do Escritório de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), que foi publicado na terça-feira (1º).
“Com 589 civis mortos e 2.685 feridos pela violência relacionada ao conflito entre 1º de junho e 31 de agosto de 2024, o número de vítimas civis durante este período de relatório foi 45% maior que no período de três meses anterior. Julho de 2024 foi o mês mais mortal para civis na Ucrânia desde outubro de 2022”, diz o documento.
Dentro do período analisado, a ONU afirma que o dia mais mortal foi 8 de julho, quando pelo menos 43 civis foram mortos em um ataque em larga escala com mísseis realizado por Moscou. Nesse dia, os alvos, segundo o documento, foram um edifício residencial, um centro comercial e um centro médico em diferentes distritos de Kiev, bem como uma fábrica de reparos mecânicos em Kryvyi Rih.
“A maioria das baixas civis, 98%, foi causada pelo uso de armas explosivas com efeitos de grande área em áreas povoadas. A maioria, 89%, ocorreu em território controlado pelo governo da Ucrânia, e 11% em áreas ocupadas pela Rússia. Pessoas mais velhas, particularmente mulheres, foram afetadas desproporcionalmente”, diz a ONU.
Além das vítimas civis, o relatório destaca a continuidade dos ataques russos à infraestrutura essencial ucraniana, sobretudo a energética. Os bombardeios acabam por afetar serviços essenciais e aumentam as preocupações sobre a situação da população civil com a aproximação do inverno.
O relatório igualmente relata vítimas civis na recente invasão da região russa de Kursk pelas Forças Armadas da Ucrânia.
“Embora tenhamos estabelecido alguns nomes de civis que foram mortos e feridos em conexão com esta incursão, não fomos capazes de estabelecer as circunstâncias exatas dessas vítimas devido à falta de acesso e às informações públicas limitadas disponíveis”, disse a porta-voz Liz Throssell.
No final de setembro, a Rússia afirmou que ao menos 56 pessoas morreram, 266 ficaram feridas e 770 seguem desaparecidas em Kursk. Moscou alega, ainda, que a ofensiva ucraniana forçou as autoridades russas a evacuar mais de 150 mil residentes de áreas próximas à fronteira com a Ucrânia.
“Isso é apenas uma fração do que sabemos com certeza”, disse Rodion Miroshnik, enviado especial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia para “crimes do regime de Kiev”. Segundo ele, entre os feridos estão 11 crianças.