Tropas russas deixaram nesta quinta-feira (30) a Ilha da Cobra, território ucraniano no Mar Negro. Há um conflito de narrativas no episódio, já que forças ucranianas dizem ter expulsado os invasores, enquanto o Kremlin trata a retirada da cidade portuária como um “gesto de boa vontade”. As informações são do jornal independente The Moscow Times.
Segundo Kiev, a debandada russa seria consequência de ataques em massa, devidamente incrementados por armamentos enviados pelo Ocidente. Particularmente pelo uso de mísseis antinavio Harpoon e lança-foguetes Himars, de fabricação americana.
“KABOOM! Não há mais tropas russas na Ilha da Cobra. Nossas Forças Armadas fizeram um ótimo trabalho”, tuitou na quinta Andriy Yermak, chefe do gabinete do presidente ucraniano.
KABOOM!
— Andriy Yermak (@AndriyYermak) June 30, 2022
No Russian troops on the Snake Island anymore. Our Armed Forces did a great job.
More kaboom news to follow. All will be 🇺🇦 pic.twitter.com/ItdP3oQvHK
Segundo o jornal britânico Guardian, o Ministério da Defesa da Rússia diz que a história é outra. O órgão governamental declarou em nota que havia concluído suas operações na ilha e estava se retirando taticamente para permitir a exportação de grãos dos portos do Mar Negro da Ucrânia. Yermak classificou como mentirosa a justificativa de “boa vontade” de Moscou.
Igor Girkin, ex-comandante das forças separatistas no leste da Ucrânia, também usou o Twitter para comentar a retirada. “Do ponto de vista militar, infelizmente a decisão está correta. Do ponto de vista político, é sem dúvida uma derrota”.
Na visão de especialistas, o novo armamento fez total diferença, já que permitiu ataques a partir do continente ucraniano.
“Este é provavelmente um resultado tangível das entregas de armas da Otan à Ucrânia”, tuitou o analista militar Rob Lee. “A Ucrânia atacou anteriormente posições russas na ilha, mas as recentes entregas de Himars e Harpoons tornaram cada vez mais insustentável ou muito caro para a Rússia mantê-la”.
Ilha fica a 300 km da Crimeia (Foto: WikiCommons)
A Ilha Zmiinyi, como é chamada por lá, chamou a atenção da mídia no segundo dia da invasão das tropas de Vladimir Putin. Em 25 de fevereiro, um bombardeio das forças russas matou todos os 13 soldados ucranianos que a defendiam após terem recusado rendição. Em gravações de áudio divulgadas pelo governo ucraniano, um militar ofende os agressores: “Vá se f…”, disse ele ao oficial da Marinha russa que ordenou que se entregassem.
Localizada a 300 quilômetros da Crimeia e apenas 48 quilômetros da costa ucraniana, a Ilha da Cobra é uma região estrategicamente importante para a defesa das águas territoriais de Kiev. Por isso, tornou-se um importante campo de batalha entre as forças em conflito.