O bilionário russo Pavel Durov, que chefia o Telegram, segue preso na França, acusado de conivência com uma série de crimes cometidos dentro da plataforma. Para o governo da Rússia, tudo é parte de um esquema liderado pelos EUA para assumir o controle do aplicativo de mensagens.
A acusação foi feita por Vyacheslav Volodin, presidente da Duma Estatal da Rússia, a câmara baixa do parlamento local, conforme relatou a agência Reuters.
“O Telegram é uma das poucas e, ao mesmo tempo, a maior plataforma de internet sobre a qual os Estados Unidos não têm influência”, disse o parlamentar russo. “Nas vésperas da eleição presidencial dos EUA, é importante que [o presidente norte-americano Joe] Biden assuma o controle do Telegram.”
O Telegram tem atualmente cerca de um bilhão de usuários e é tido como um refúgio seguro para a livre manifestação de opiniões. Tornou-se uma arma importante de informação e desinformação durante a guerra da Ucrânia, é frequentemente usado por grupos extremistas islâmicos para pronunciamento e acaba tornando-se palco também de crimes.
A promotoria francesa acusa Durov, como gestor do Telegram, de cumplicidade em ações criminosas que incluem pedofilia, tráfico de drogas e terrorismo. Ele seguirá detido ao menos até quarta-feira (28) para questionamentos, de acordo com o Judiciário da França.
Na lista das pessoas mais ricas do mundo feita pela rede Bloomberg, Durov aparece na 288ª posição, com uma fortuna estimada de US$ 9,15 bilhões. Embora nascido na Rússia, ele tem passaportes de diversos países, inclusive o francês, de acordo com a agência Associated Press (AP).
Em resposta às acusações, a plataforma disse que cumpre as leis europeias e que seu sistema de moderação está “dentro dos padrões da indústria e em constante melhoria”. Afirmou, ainda, que o chefe do Telegram “não tem nada a esconder e viaja frequentemente pela Europa”.
Nos últimos dias, outra rede social, o X, antigo Twitter, foi igualmente acusado de falhar na moderação de conteúdo e assim permitir que crimes sejam praticados por seus usuários. No caso, a denúncia é a de que os rebeldes Houthis, do Iêmen, usam o aplicativo de mensagens curtas para negociar armas.
A moderação deficiente por parte do X levou a uma manifestação da ONG Tech Against Terroris pedindo que “as plataformas de tecnologia removam ativamente o conteúdo e a atividade do grupo online. Os Houthis são uma organização terrorista designada e uma ameaça à segurança internacional: a internet atua como sua ferramenta de comunicação estratégica mais importante”.