A rede social X, antigo Twitter, vem sendo usada livremente pelos rebeldes Houthis, estabelecidos no Iêmen e classificados com terroristas pelos EUA, para negociar armamento pesado, desde pistolas até lançadores de granadas. As informações são da rede BBC.
A operação se concentra na capital iemenita Sanaa e em outras áreas sob controle dos Houthis, um grupo rebelde alinhado ao Irã que é protagonista na guerra civil do Iêmen, na qual enfrenta uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita.
No Iêmen, calcula-se que o número de armas em circulação seja até três vezes maior que a população, um reflexo do conflito civil no país. São os próprios iemenitas, sobretudo os Houthis, os principais alvos dos anúncios de venda.
A reportagem identificou diversos anúncios do gênero, com preços em riais do Iêmen e da Arábia Saudita. São vendidos rifles AK russos modificados, pistolas Glock produzidas no Paquistão e lançadores de granadas.
A falta de fiscalização por parte do X levou a uma manifestação da ONG Tech Against Terroris pedindo que “as plataformas de tecnologia removam ativamente o conteúdo e a atividade do grupo online. Os Houthis são uma organização terrorista designada e uma ameaça à segurança internacional: a internet atua como sua ferramenta de comunicação estratégica mais importante.”
O jornal The Times afirma ter ouvido especialistas que alertaram para os possíveis desdobramentos legais da falta de controle sobre o conteúdo por parte do X. Isso porque o grupo rebelde é classificado como terrorista e sancionado pelo governo norte-americano.
“Vender armas no X é contra os termos de serviço da plataforma, e a falha da empresa em detectar o comércio vinculado aos Houthis pode significar que a empresa de [Elon] Musk violou a lei dos EUA”, diz o periódico. “Empresas americanas são proibidas de negociar, dar suporte material e facilitar transações com os Houthis. As penalidades incluem multas e corte do sistema financeiro dos EUA.”
A diplomacia norte-americana admitiu ter conhecimento do problema. “Sabemos que os Houthis estão alavancando ativamente as mídias sociais para arrecadar dinheiro, comprar armas e facilitar a transferência de armas”, disse ao Times Tim Lenderking, enviado especial dos EUA ao Iêmen: