Desde que atravessaram a fronteira e invadiram a região de Kursk, na Rússia, as tropas da Ucrânia assumiram o controle de 28 cidades e forçaram a evacuação de mais cem mil civis pelo governo russo. A revelação foi feita por Alexey Smirnov, um governador regional nomeado pelo Kremlin, conforme relatou a rede Bloomberg.

De acordo com a autoridade russa, as forças ucranianas conseguiram penetrar ao menos 12 quilômetros dentro do território russo, assumindo o controle de uma área que se estende por cerca de 40 quilômetros na fronteira entre os dois países. Ele acrescentou que cerca de 120 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas, com outras 60 mil à espera de fazer o mesmo.

A revelação foi feita em uma reunião com autoridades de defesa realizada na segunda-feira (12), levando o presidente Vladimir Putin a interromper Smirnov e ordenar que não mais se manifestasse sobre questões militares. “Você pode nos contar sobre a situação socioeconômica e sobre ajudar as pessoas”, disse o líder russo ao governador, de acordo com a Bloomberg.

No sábado (10), o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky havia confirmado pela primeira vez a invasão. “Hoje, recebi vários relatórios do comandante-chefe [Oleksandr] Syrskyi sobre as linhas de frente e nossas ações para levar a guerra ao território do agressor”, disse ele em seu discurso televisionado diário. “A Ucrânia está provando que pode de fato restaurar a justiça e está garantindo o tipo exato de pressão necessária, pressão sobre o agressor.”

Já Syrskyi se manifestou no canal de Telegram de Zelensky, segundo a agência Associated Press (AP), e afirmou que suas forças agora controlam cerca de mil quilômetros quadrados em Kursk. “A situação está sob nosso controle”, disse a principal autoridade militar ucraniana.

Do Kursk a Kursk: o fim de Putin?

Na segunda, mais uma vez falando ao povo ucraniano, Zelensky sugeriu que as ações de sua tropas em Kursk levarão ao fim da era Putin. Traçou um paralelo entre a invasão e a tragédia do submarino que levava o nome da região e afundou no ano 2000, nos primeiros meses de governo do atual presidente.

“Vemos para onde a Rússia está realmente indo sob Putin: 24 anos atrás, houve o desastre do Kursk, o início simbólico de seu governo. E agora está claro qual é o fim para ele. Também é Kursk. O desastre de sua guerra”, afirmou Zelensky.

No discurso, o presidente ainda repetiu as afirmações anteriores. “Este é sempre o caso com aqueles que desprezam as pessoas e quaisquer regras. A Rússia trouxe a guerra para os outros, agora ela está voltando para casa. A Ucrânia sempre quis apenas a paz, e nós definitivamente garantiremos a paz”, declarou.

De acordo com a agência Reuters, Kursk não é a única região na mira dos ucranianos. O governo russo também estaria evacuando a população de Belgorod, que igualmente faz fronteira com a Ucrânia e há semanas é alvo de ataques aéreos. Muitos civis vinham sendo autorizados a permanecer em suas casas até agora, mas ante ao temor de uma invasão a situação mudou.

O governador regional de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, confirmou que as evacuações começaram no distrito de Krasnaya Yaruga, devido à “atividade inimiga na fronteira”. E acrescentou que as autoridades estão “começando a mover as pessoas” para “lugares mais seguros.”

Putin, por sua vez, afirmou que as forças russas foram mobilizadas para “expulsar o inimigo de nossos territórios e, junto com o serviço de fronteira, garantir cobertura confiável da fronteira do Estado”.