Rússia pede retirada de residentes de Belgorod, próxima à fronteira ucraniana

Após bombardeios atribuídos à Ucrânia, cerca de 9 mil crianças serão evacuadas da cidade russa e da região no entorno

Devido aos ataques em curso em Belgorod, autoridades da região oeste da Rússia pediram a evacuação imediata às comunidades próximas à fronteira ucraniana. Gennady Bondaryov, governador do distrito de Graivoron, apelou à evacuação voluntária, alertando para o aumento da tensão local por conta da ação de milícias rebeldes formadas supostamente por cidadãos russos que se voltaram contra o próprio país. As informações são do site independente The Moscow Times.

Dois grupos de oposição ao Kremlin baseados na Ucrânia, a Legião da Liberdade da Rússia e o Batalhão Siberiano, relataram que estão avançando tanto na região de Belgorod quanto Kursk. No domingo (17), o Batalhão Siberiano informou que entrou no assentamento de Gorkovsky, onde os combatentes alegam ter capturado o prédio da administração local.

Cerca de 9 mil crianças serão evacuadas de Belgorod e toda a região após bombardeios atribuídos à Ucrânia. Gladkov relatou três feridos, incluindo uma criança, e interrupções de energia na área fronteiriça, segundo a rede BBC. Nesta semana, 16 mortos e 98 feridos foram registrados. A cidade enfrentou fechamentos, incluindo escolas e centros comerciais, após os ataques.

Visão da área central de Belgorod, cidade próxima à fronteira com a Ucrânia (Foto: Alexxx Malev/Flickr)

A nova ordem de evacuação afeta várias aldeias em Belgorod e em outras partes da região, afirmou Gladkov em uma reunião do partido Rússia Unida do Kremlin. O primeiro grupo de 1,2 mil crianças será evacuado na sexta-feira.

Graivoron, que vem sendo atacada repetidamente desde a invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022, situa-se a mais de 50 quilômetros a oeste da capital regional Belgorod, na fronteira russo-ucraniana. “Colegas da região de Yaroslavl estão prontos para receber os residentes de Graivoron”, disse Bondaryov via Telegram, referindo-se a uma área russa a mais de 100 quilômetros a nordeste de Moscou.

Enquanto isso, o Ministério da Defesa da Rússia relatou ter interceptado 10 mísseis ucranianos sobre a região de Belgorod.

Em Kharkiv, na Ucrânia, cinco pessoas morreram em um ataque de míssil russo na quarta-feira (20), com nove feridos e cinco desaparecidos. As operações de busca continuaram durante a noite.

O líder russo Vladimir Putin prometeu no mesmo dia restaurar a segurança nas áreas de fronteira do país.

“Traidores”

Na terça-feira (19), Putin convocou o FSB (Serviço Federal de Segurança russa) para identificar e punir os combatentes russos pró-ucranianos que acusou de envolvimento em ataques mortais contra a Rússia nas regiões fronteiriças, segundo a reportagem da BBC.

O recém-reeleito chefe do Kremlin afirmou em uma reunião do conselho do FSB: “Não devemos esquecer quem são esses traidores. Devemos identificá-los pelo nome e puni-los sem prazo de prescrição, onde quer que estejam.”

Enquanto Moscou alega que tais grupos agem a mando da inteligência ucraniana e da da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), Kiev nega qualquer relação e afirma que eles atuam de forma independente. As ações dessas organizações são frequentes durante a guerra e costumavam ser atos de sabotagem, mas têm se diversificado cada vez mais.

A Legião Liberdade da Rússia e o Corpo de Voluntários Russos reivindicaram ataques transfronteiriços anteriores à Rússia, originados na Ucrânia.

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