Rússia exige fechamento de agência judaica de imigração para Israel

Ministério da Justiça russo acusa organização sem fins lucrativos de "coletar ilegalmente" informações sobre seus cidadãos

O Ministério da Justiça da Rússia solicitou na quinta-feira (21) o fechamento da filial russa da Sohnut (Agência Judaica para Israel), uma organização sem fins lucrativos que processa a imigração de judeus para Israel. O pedido do órgão governamental se vale de “supostas violações de leis russas”, que não foram bem esclarecidas. As informações são da agência Reuters.

De acordo com o jornal Jerusalem Post, um alto funcionário da diplomacia israelense disse que o pedido do ministério estaria relacionado a alegações de que a Sohnut “coletou ilegalmente informações sobre cidadãos russos”.

A ação contra a agência, que tem sede em Jerusalém, também pode ter conexão com as críticas de Israel à invasão do exército russo na Ucrânia. Entre elas, uma feita pelo então ministro das Relações Exteriores e hoje premiê, Yair Lapid, que acusou Moscou em abril de consumar crimes de guerra ao condenar o que chamou de “visões terríveis em Bucha”.

Sede da Agência Judaica para Israel, em Jerusalém (Foto: WikiCommons)

Após a declaração da Justiça russa, que partiu do tribunal distrital de Basmanny, na capital do país, um comunicado emitido pelo gabinete do primeiro-ministro israelense anunciou que uma delegação local viajará para a Rússia na semana que vem, de modo a “garantir a continuação da atividade da Agência Judaica na Rússia”. Integrantes dos ministério das Relações Exteriores, Justiça e Imigração e Absorções estarão na comitiva.

“A comunidade judaica na Rússia está profundamente ligada a Israel”, disse a nota oficial. “Sua importância surge em cada discussão diplomática com a liderança russa. Continuaremos a agir por meio dos canais diplomáticos para que a importante atividade da Agência Judaica não cesse”.

O mal-estar é crescente. Por conta de sua posição antiguerra, Pinchas Goldschmidt, rabino chefe de Moscou, deixou a Rússia recentemente. Ele e a nora, a jornalista Avital Chizhik-Goldschmidt, foram pressionados pelo Kremlin a apoiar publicamente a chamada “operação especial” na Ucrânia. Ambos recusaram.

A rede Radio Free Europe repercutiu uma declaração do ministro de Assuntos da Diáspora de Israel, Nachman Shai, feita na quinta (21). “Judeus russos não serão reféns da guerra na Ucrânia”, disse.

Já a ministra de Imigração e Absorções, Pnina Tamano-Shata, declarou que os esforços diplomáticos estão em andamento “para esclarecer a situação e resolver o assunto de acordo”.

A filial de Sohnut na Rússia funciona desde 1989. A agência foi criada em 1929, e, desde então, ajuda judeus ao redor do mundo a fixarem residência em Israel.

Tags: