O governo russo anunciou, na quarta-feira (27), a expulsão de dois jornalistas alemães como resposta à decisão da Alemanha de exigir que dois funcionários do canal estatal russo Channel One deixassem o país. A medida marca mais um capítulo nas tensões crescentes entre os dois países envolvendo a atuação da imprensa. As informações são da Deutsche Welle.
Segundo comunicado oficial da TV pública alemã ARD, um correspondente e um cinegrafista da emissora foram informados de que deveriam deixar a Rússia até 16 de dezembro. Em resposta, a ARD classificou a expulsão como “um novo ponto baixo nas relações com a Rússia” e destacou que jornalistas ocidentais vêm enfrentando pressões crescentes no país.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, justificou a decisão como uma ação “recíproca”, afirmando que foi tomada devido à proibição de que jornalistas do Channel One permanecessem e trabalhassem na Alemanha. Ela também indicou que Moscou poderia reconsiderar a credencial dos jornalistas da ARD caso Berlim permitisse a reabertura da TV pública russa em território alemão.
Por sua vez, o governo alemão refutou as alegações russas, afirmando que não fechou o escritório do Channel One e que os jornalistas russos estão livres para operar no país, desde que cumpram as leis de residência e trabalho. Um porta-voz oficial explicou que os profissionais da emissora russa tiveram seus vistos revogados por não atenderem aos requisitos legais.
O correspondente do Channel One, Ivan Blagoi, declarou que sua notificação de expulsão ocorreu logo após a veiculação de uma reportagem sobre a prisão de um cidadão alemão por espionagem na Rússia. Ele também reconheceu que seu cinegrafista enfrentava dificuldades com o visto há algum tempo.
O episódio é o mais recente a evidenciar a deterioração das relações diplomáticas entre Alemanha e Rússia, agravada desde a invasão russa à Ucrânia em 2022 e pelo fechamento de meios de comunicação considerados estratégicos por ambos os lados.
Alemanha denuncia propaganda russa
A Alemanha acusou veículos russos de espalharem desinformação para russos étnicos, ex-soviéticos e grupos extremistas locais, incluindo justificativas falsas de Vladimir Putin para invadir a Ucrânia. Também criticou a repressão a jornalistas na Rússia, marcada por restrições, prisões arbitrárias e expulsões. O caso de Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, preso por espionagem e libertado após troca de prisioneiros, simboliza as tensões.
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha condenou as práticas de Moscou e reafirmou seu compromisso com a liberdade de imprensa, destacando o impacto das ações russas na segurança e no trabalho dos jornalistas.