Rússia prepara ofensiva para tentar virar o jogo e levar a guerra da Ucrânia a uma nova fase

Putin mobiliza tropas e amplia uso de drones em preparação para ataque de verão; civis fogem de cidades sob cerco

A guerra na Ucrânia está prestes a entrar em nova fase, com o aumento da intensidade dos ataques russos e a preparação de uma grande ofensiva de verão. Nas últimas duas semanas, o Kremlin lançou bombardeios recordes contra cidades ucranianas, enquanto drones avançados têm cortado linhas de suprimento e atingido alvos a até 40 quilômetros da linha de frente. Segundo a revista The Economist, os ataques são um prenúncio do plano de Vladimir Putin: quebrar a resistência ucraniana e conquistar ganhos simbólicos no mapa.

Cidades do leste e do nordeste da Ucrânia, como Pokrovsk e a província de Sumy, já estão na mira de drones russos operados por uma nova unidade chamada Rubikon, desestabilizando as defesas ucranianas com tecnologia capaz de burlar interferências e operar em profundidade. A novidade utiliza drones-mãe que liberam pequenos aparelhos conectados por cabos de fibra óptica, além de modelos com controle remoto por frequências difíceis de interceptar.

Em Sumy, na fronteira nordeste, a Rússia deslocou 50 mil soldados e tem avançado gradualmente. É a primeira vez desde o início da invasão, em 2022, que Moscou ganha terreno de forma consistente nessa região. Especialistas atribuem o avanço à inadequação das fortificações ucranianas diante do atual padrão de guerra com drones. Aldeias inteiras já foram evacuadas, e moradores relatam enxames de aparelhos explosivos que detonam no ar.

Guerra Ucrânia x Rússia (Foto: FlyD/Unsplash)

As forças ucranianas admitem que a superioridade inicial em guerra com drones está diminuindo. A Rússia está em vantagem na “maratona de drones da linha de frente”, afirmou Eduard, oficial da 93ª brigada. Segundo ele, os ataques de Rubikon têm sido especialmente eficazes no trecho entre Pokrovsk e Kostiantynivka, isolando rotas logísticas e forçando recuos.

A expectativa entre militares russos é de que a ofensiva de verão possa ser o “último empurrão” necessário para desmoralizar Kiev. Fontes ucranianas relatam que prisioneiros de guerra russos têm descrito a campanha dessa forma. Apesar das baixas altas — oito de cada dez novos recrutas russos morrem, segundo relatos —, a Rússia continua recrutando entre dez mil e 15 mil homens por mês, com bônus em dinheiro. Já a Ucrânia enfrenta impasses políticos e resistência popular à ampliação do alistamento obrigatório.

Mesmo sem avanços estratégicos relevantes desde 2022, Putin parece disposto a prolongar o conflito em busca de vitórias marginais no mapa. “O problema com os russos é que eles conseguem absorver perdas”, declarou Dmitry Kirdyapkin, chefe de polícia em uma das cidades sob ataque. “Nossas perdas podem ser menores, mas sentimos muito mais.”

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