Nikita Zhuravel, um prisioneiro político russo agredido no cárcere pelo filho adolescente do líder checheno Ramzan Kadyrov, foi acusado de alta traição e pode ser condenado à prisão perpétua. A informação partiu do Gabinete do Procurador-Geral da Rússia, nesta quinta-feira (5), e foi reproduzida pela rede Radio Free Europe.
Zhuravel, de 20 anos, cumpre uma pena de três anos e meio de prisão na Chechênia por “ofender fiéis religiosos” e “vandalismo”, após ser acusado de queimar um Alcorão em frente a uma mesquita em sua cidade natal, Volgogrado. A situação dele, porém, ainda pode piorar devido a uma acusação de traição.

Os investigadores afirmam que Zhuravel “ofereceu cooperação proativa” a um representante do SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia) em março de 2023. Ele teria enviado a esse representante vídeos de um trem transportando equipamento militar e aeronaves, além de informações sobre o deslocamento de um veículo militar russo.
Em agosto de 2023, Zhuravel foi agredido durante sua prisão preventiva por Adam Kadyrov, que na época tinha 15 anos e é filho do líder checheno Ramzan Kadyrov. Adam não sofreu nenhuma punição pelo incidente e foi até elogiado por seu pai e outros oficiais chechenos. Ele recebeu o título de “Herói da República da Chechênia” e elogios de várias regiões russas.
O grupo de direitos humanos Memorial reconheceu Zhuravel como prisioneiro político, questionando as acusações de queima do Alcorão e criticando sua transferência de Volgogrado para a Chechênia, onde a população é majoritariamente muçulmana, para investigação e julgamento.