Russo agredido pelo filho de líder checheno por queimar o Alcorão é acusado de traição

Nikita Zhuravel cumpre três anos e meio de prisão por vandalismo, mas pode receber uma nova pena de prisão perpétua

Nikita Zhuravel, um prisioneiro político russo agredido no cárcere pelo filho adolescente do líder checheno Ramzan Kadyrov, foi acusado de alta traição e pode ser condenado à prisão perpétua. A informação partiu do Gabinete do Procurador-Geral da Rússia, nesta quinta-feira (5), e foi reproduzida pela rede Radio Free Europe.

Zhuravel, de 20 anos, cumpre uma pena de três anos e meio de prisão na Chechênia por “ofender fiéis religiosos” e “vandalismo”, após ser acusado de queimar um Alcorão em frente a uma mesquita em sua cidade natal, Volgogrado. A situação dele, porém, ainda pode piorar devido a uma acusação de traição.

Na crença islâmica, o Alcorão é o livro sagrado dos muçulmanos que contém revelações que Alá transmitiu a Maomé (Foto: WikiCommons)

Os investigadores afirmam que Zhuravel “ofereceu cooperação proativa” a um representante do SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia) em março de 2023. Ele teria enviado a esse representante vídeos de um trem transportando equipamento militar e aeronaves, além de informações sobre o deslocamento de um veículo militar russo.

Em agosto de 2023, Zhuravel foi agredido durante sua prisão preventiva por Adam Kadyrov, que na época tinha 15 anos e é filho do líder checheno Ramzan Kadyrov. Adam não sofreu nenhuma punição pelo incidente e foi até elogiado por seu pai e outros oficiais chechenos. Ele recebeu o título de “Herói da República da Chechênia” e elogios de várias regiões russas.

O grupo de direitos humanos Memorial reconheceu Zhuravel como prisioneiro político, questionando as acusações de queima do Alcorão e criticando sua transferência de Volgogrado para a Chechênia, onde a população é majoritariamente muçulmana, para investigação e julgamento.

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