Parece roteiro de cinema: sobre a neve do rigoroso inverno do leste europeu, um agente ucraniano entrou secretamente na Rússia, percorreu quase 1,5 mil quilômetros até a base aérea de Chelyabinsk, ao norte do Cazaquistão, e ateou fogo em um caça-bombardeiro Sukhoi Su-34 da Força Aérea Russa durante a noite.
O ataque noturno, embora não seja o primeiro desse tipo, chama a atenção pela audácia e pode ter resultado na perda de mais uma aeronave Su-34, já escassa para Moscou, segundo informações da Forbes.
A inteligência ucraniana afirmou na quinta-feira (4) que o caça destruído era pertencente à 21ª Divisão de Aviação Composta. Esta não é a primeira vez que um agente ucraniano realiza uma ação de sabotagem dentro de uma base russa.

Em outro ato, ocorrido em outubro de 2022, um helicóptero Kamov Ka-52 foi alvo perto de Pskov, a 800 km da fronteira ucraniana. Embora Kiev tenha métodos alternativos, como drones e mísseis, a sabotagem aponta para falhas na segurança russa.
Um vídeo divulgado no canal de YouTube da inteligência ucraniana mostra uma pessoa não identificada incendiando uma aeronave militar enquanto faz o gesto de “chifres” com as mãos.
Os ucranianos têm motivos claros para mirar Chelyabinsk e seus Su-34s, que são alguns dos melhores caça-bombardeiros da Força Aérea Russa e atuam ativamente na linha de frente da guerra contra a Ucrânia.
Essas aeronaves realizam missões diárias, lançando bombas guiadas por satélite com alcance de 40 km contra posições ucranianas, sendo uma fonte significativa de preocupação para as tropas ucranianas.
Segundo a reportagem, as forças ucranianas estão empenhadas em derrubar esses caças, tendo abatido quatro Su-34s em uma semana recentemente. Se a aeronave sabotada estiver fora de operação, Moscou pode ter cerca de 125 desses caças restantes, de uma frota pré-guerra de no máximo 150.
A estratégia de sabotagem da Ucrânia é eficaz, porém perigosa. Alguns sabotadores ucranianos foram capturados e mortos, incluindo um incidente em agosto, quando tropas russas interceptaram e mataram dois membros de uma equipe ucraniana que tentava atravessar a fronteira perto de Bryansk.
O Ministério da Defesa da Rússia ainda não se pronunciou sobre as alegações e o vídeo divulgado pela Ucrânia, segundo o site The Moscow Times.