Caça russo atinge mais um drone dos EUA na Síria, o sexto neste mês

Washington acusa caças da força aérea de Moscou de voarem "perigosamente perto" de aeronaves tripuladas e não tripuladas

Na quarta-feira (26), a Casa Branca informou que um caça russo disparou sinalizadores e atingiu um drone norte-americano no espaço aéreo sírio, intensificando a atmosfera de turbulência entre os rivais históricos. Tanto os Estados Unidos quanto a Rússia realizam operações no país devastado pela guerra civil. As informações são da agência Associated Press.

Foi o sexto incidente relatado em julho e o segundo nas últimas 48 horas em que os EUA acusam aviões de guerra russos de voarem “perigosamente perto” de suas aeronaves tripuladas e não tripuladas, colocando em risco tripulações e levantando preocupações sobre qual deve ser a resposta dada por Washington diante do assédio.

Segundo duas autoridades dos EUA, que falaram sob condição de anonimato, o ataque danificou um drone modelo MQ-9 Reaper.

Caça Sukhoi Su-30, da força aérea russa (Foto: WikiCommons)

Karine Jean-Pierre, secretária de imprensa da Casa Branca, comentou sobre o incidente, mencionando que este é o segundo caça russo nesta semana que se aproximou perigosamente de um drone norte-americano, que estava em meio a uma operação para combater militantes do Estado Islâmico (EI) na Síria. Ela destacou que a aproximação agressiva e o uso de sinalizadores sobre drones das forças dos EUA durante uma missão de rotina violam as normas internacionais.

Nos últimos dois dias, caças russos atingiram os MQ-9 Reaper do exército norte-americano com disparos de sinalizadores. Na terça-feira (25), um desses drones teve sua hélice danificada por chamas, enquanto na quarta (26) foguetes russos atingiram outra aeronave não tripulada. Incidentes anteriores também envolveram caças russos passando perigosamente próximos a aviões dos EUA, inclusive um tripulado, o que colocou vidas em risco.

Um alto líder militar russo responsabiliza os EUA pelo último incidente, alegando que a coalizão liderada por Washington violou os protocolos de desconflito com a Rússia dez vezes nas últimas 24 horas. O contra-almirante Oleg Gurinov, do Centro de Reconciliação dos militares russos na Síria, afirma que um drone dos EUA voou perigosamente próximo de dois aviões de guerra russos, resultando no disparo automático de sinalizadores a partir das aeronaves russas Su-34 e Su-35.

Gurinov, em comunicado citado pela agência de notícias estatal russa Interfax, acusou os Estados Unidos de “desinformar o público” sobre os voos ilegais de seus drones no espaço aéreo sírio “sem passar pelos procedimentos de desconflito”, enquanto responsabilizam a Rússia pelas manobras perigosas.

Objetivos distintos

Considerando que Moscou depende do apoio de Teerã para suas operações militares na Ucrânia, especialistas acreditam que os ataques de assédio da Rússia têm como objetivo apoiar o Irã em suas intenções de remover as forças norte-americanas da Síria. Isso facilitaria o transporte de ajuda letal para o Hezbollah libanês, representando uma ameaça para Israel.

Os Estados Unidos lideram uma coalizão contra o EI e têm realizado ataques aéreos na Síria neste ano. desde 2022 Washington intensificou suas incursões e operações contra supostos agentes da organização extremista em território sírio.

“Continuamos focados na missão de derrotar o EI, como ficou evidente em nosso recente ataque contra um líder do EI na Síria neste mês”, acrescentou Karine.

A secretária de imprensa da Casa Branca fazia menção a um ataque aéreo coordenado pelos Estados Unidos que resultou na morte de Abu Bakr al Baghdadi, ex-chefe do EI, que se autoproclamou “califa de todos os muçulmanos” em 2019. Desde então, a campanha tem como alvo os líderes sobreviventes do grupo, muitos dos quais teriam planejado ataques no exterior.

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