Sob ataque constante, frota russa do Mar Negro trocará a Crimeia pela Geórgia, diz aliado

Líder separatista afirma que assinou um acordo com Putin para receber navios da marinha russa que fogem dos ataques de Kiev

Devido aos frequentes ataques realizados pela Ucrânia contra a base naval da Rússia na Crimeia, a frota do Mar Negro será parcialmente transferida para a região separatista da Abecásia, na Geórgia, que conta com o apoio de Moscou em sua reivindicação de independência. A informação foi divulgada pelo líder separatista local, Aslan Bzhania, segundo relata a agência Reuters.

“Assinamos um acordo, e em um futuro próximo haverá um ponto permanente de implantação da Marinha russa no distrito de Ochamchira”, disse Bzhania ao jornal Izvestia, acrescentando que o objetivo do acordo é “aumentar a capacidade de defesa tanto da Rússia como da Abecásia.”

Navio da Marinha russa ancorado, dezembro de 2021(Foto: facebook.com/mod.mil.rus)

Bzhania se encontrou com o presidente russo Vladimir Putin na quarta-feira (4), quando ambos assinaram o acordo. “Também há coisas sobre as quais não posso falar”, acrescentou o líder separatista, sugerindo que a parceria militar entre Moscou e a Abecásia será mais ampla.

A Abecásia, no norte da Geórgia, está na esfera de influência de Moscou e declarou independência do resto do país no início dos anos 1990. A situação é semelhante à da Ossétia do Sul, que pleiteia a união com a Ossétia do Norte, república autônoma da Federação Russa. Juntas, as duas regiões representam cerca de um quinto de todo o território georgiano.

Em agosto de 2008, as forças russas deram suporte aos separatista da Abecásia e da Ossétia do Sul em um rápido conflito contra a Geórgia, que na ocasião tentou retomar o controle sobre as duas regiões.

Marinha russa sob ataque

A decisão de deslocar a frota do Mar Negro para a Abecásia surge em meio aos danos relevantes que ela sofreu devido a ataques ucranianos à base de Sebastopol, na Crimeia. No dia 13 de setembro, um grande bombardeio teria atingido ao menos um navio de desembarque e um submarino, impondo assim duras perdas à Marinha.

O sucesso do recente ataque ucraniano só se compara ao afundamento do Moskva, orgulho da frota russa, que veio a pique em abril de 2022. Embora Moscou insista em dizer que ele foi destruído por um incêndio que atingiu o depósito de munições, serviços de inteligência ocidentais dizem que mísseis de cruzeiro disparados pelas forças ucranianas foram responsáveis pelo afundamento da embarcação.

Desta vez, diferente das negativas no caso do Moskva, o governo russo não esconde que foi alvo de um duro ataque. Alega que a Ucrânia usou dez mísseis de cruzeiro, sete deles supostamente abatidos pelas forças de Moscou, e três drones, todos neutralizados. Diz, ainda, que duas embarcações foram atingidas, sem dar maiores detalhes.

Kiev divulgou informações semelhantes sobre o resultado da operação, de acordo com o jornal Kyiv Post. “Há informações sobre ao menos a destruição de um grande navio de desembarque e de um submarino”, afirmou uma fonte da inteligência ucraniana que teve a identidade preservada. “Este é um resultado muito bom, é claro”, acrescentou.

Andriy Ryzhenko, capitão reformado da Marinha da Ucrânia e hoje analista estratégico na empresa de consultoria de defesa e logística Sonata, disse à revista Newsweek que o ataque é “realmente impressionante, o maior desde que a guerra começou.” E completou: “É realmente desmoralizante para os militares russos e também reduz o seu potencial de combate.”

Em 2009, quando primeiro surgiram rumores sobre a possível presença de tropas russas na Abecásia, a Otan (Organização do Tratado do atlântico Norte) manifestou preocupação, vez que três de seus Estados-Membros, Turquia, Bulgária e Romênia, são banhados pelo Mar Negro.

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