Suécia condena dois cidadãos nascidos no Irã por espionagem para a Rússia

Um dos réus, que trabalhou para a inteligência sueca e serviu às forças armadas do país, foi condenado à prisão perpétua

Os irmãos Peyman e Payam Kia, cidadãos suecos nascidos no Irã, foram sentenciados com duras penas de prisão por espionagem para a Rússia. O veredito foi anunciado nesta quinta-feira (19) por uma corte de Estocolmo, de acordo com a agência Associated Press (AP).

Peyman, o mais velho dos dois irmãos, ambos naturalizados suecos, foi condenado à prisão perpétua. Habitualmente, indivíduos nessa condição são libertados depois de cumprirem entre 20 e 25 anos. Já o caçula, Payam, foi sentenciado a nove anos e dez meses.

Vista de Estocolmo, capital da Suécia (Foto: Edward Stojakovic/Flickr)

A dupla foi julgada sob a acusação de ter transmitido, entre 2011 e 2021, informações ao GRU, principal serviço de inteligência russa. Peyman trabalhou entre 2014 e 2015 para a inteligência sueca e também serviu às forças armadas do país, o que permitiu a ele coletar os documentos confidenciais.

“Está fora de dúvida razoável que os irmãos, juntos e em consulta, sem autorização e em benefício da Rússia e do GRU, adquiriram, encaminharam e divulgaram informações a uma potência estrangeira”, diz a sentença.

Apesar da condenação, o juiz Mans Wigen afirma que não foi possível estabelecer com clareza as circunstâncias em que os dois irmãos atuaram. “Mas a imagem do que aconteceu é suficientemente clara para que os réus sejam responsabilizados”, reforçou.

Segundo dados divulgados ao longo do processo, Peyman obteve cerca de 90 documentos que foram entregues a representantes de Moscou, e Payam fez o mesmo com 65 documentos. “A divulgação desses documentos pode prejudicar particularmente a segurança da Suécia”, declarou o juiz.

O conteúdo do material é desconhecido, vez que foi classificado como confidencial pelo governo sueco. Inclusive, devido à sensibilidade do tema, o julgamento foi realizado a portas fechadas.

Ainda assim, especula-se que o caso seja um dos mais prejudiciais da história do país europeu, vez que eles possivelmente forneceram aos russos uma lista com todos os funcionários do Serviço de Segurança da Suécia (SAPO). Os dois réus alegaram que suas ações não constituem qualquer irregularidade.

Tags: