Suécia prende cinco suspeitos de assassinar iraquiano que queimou o Alcorão

Salwan Momika foi morto horas antes de seu julgamento por 'agitação contra um grupo étnico ou nacional' em Estocolmo

A polícia sueca anunciou a prisão de cinco pessoas suspeitas de envolvimento no assassinato a tiros de Salwan Momika, um iraquiano de 38 anos conhecido por realizar atos de queima do Alcorão, o livro sagrado islâmico. O crime ocorreu nesta quinta-feira (30), horas antes de Momika comparecer ao Tribunal Distrital de Estocolmo, onde aguardava o veredito em um processo por “agitação contra um grupo étnico ou nacional”. As informações são da Deutsche Welle.

O ataque aconteceu em um ambiente fechado e, ao chegar ao local, a polícia encontrou a vítima baleada, encaminhando-a imediatamente para o hospital. Pouco depois, as autoridades confirmaram a prisão de cinco indivíduos relacionados ao crime.

“A polícia prendeu cinco pessoas durante a noite, que foram detidas pelos promotores”, informou um comunicado oficial. O promotor Rasmus Oman afirmou à agência AFP que a investigação ainda está nos estágios iniciais e que há uma intensa coleta de informações em andamento.

O ativista Salwan Momika despertou a ira de muçulmanos com seus atos (Foto: Facebook/Reprodução)

De acordo com a imprensa sueca, Momika estava transmitindo ao vivo pelo TikTok no momento em que foi atingido pelos disparos.

Contexto do processo contra Momika

Momika e o co-manifestante Salwan Najem foram acusados em agosto de 2023 de “agitação contra um grupo étnico” em quatro ocasiões ao longo do ano. Segundo a denúncia, a dupla profanou o Alcorão, incluindo a queima do livro sagrado, enquanto fazia declarações depreciativas sobre os muçulmanos. Um dos atos ocorreu em frente a uma mesquita em Estocolmo.

Os protestos organizados por Momika e Najem aumentaram as tensões diplomáticas entre a Suécia e vários países do Oriente Médio. Em resposta, manifestantes iraquianos invadiram a embaixada sueca em Bagdá duas vezes em julho de 2023, incendiando o complexo na segunda ocasião.

Momika se autodenominava “ateu liberal”. Ele vivia em Estocolmo desde 2018 e atraiu holofotes devido às suas repetidas ações de profanação do Alcorão, que acarretaram problemas diplomáticos, gerando indignação tanto nos países muçulmanos, incluindo o ataque à embaixada da Suécia no Iraque em 2023, quanto em todo o mundo.

A polícia sueca permite esse tipo de manifestação, usando a liberdade de expressão como justificativa.

Reação das autoridades suecas

Apesar das críticas internacionais, a polícia sueca autorizou as manifestações de Momika, mas também apresentou acusações contra ele. Em meio ao aumento das ameaças, o serviço de inteligência da Suécia (Sapo) elevou o nível de alerta do país para quatro em uma escala de cinco, declarando que a nação se tornara um “alvo prioritário” em razão das queimadas do Alcorão.

Momika havia solicitado asilo na Noruega em março de 2023, mas foi deportado de volta para a Suécia algumas semanas depois. Seu julgamento foi adiado pelo Tribunal de Estocolmo devido à sua morte.

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