Suécia proíbe protesto que envolveria queima do Alcorão em frente à embaixada turca

Ação desrespeitosa de um indivíduo de extrema-direita aumentou a crise entre os países, que impede o ingresso sueco na Otan

Autoridades suecas decidiram na quarta-feira (8) não permitir uma manifestação pelo ingresso de Estocolmo na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que incluiria uma queima do Alcorão. O ato, que ocorreria pela segunda vez no ano nesta quinta-feira (9), gerou reações na Turquia. As informações são da rede Deutsche Welle (DW).

A medida veio após o político sueco-dinamarquês de extrema-direita Rasmus Paludan ter ateado fogo no livro sagrado do Islã do lado de fora da embaixada turca na capital do país no mês passado, mesmo local onde o protesto desta semana ocorreria. Autoridades locais alegam que o incidente estava causando problemas de segurança para os cidadãos suecos no exterior. 

“A queima do Alcorão fora da embaixada da Turquia em janeiro de 2023 pode ter aumentado as ameaças contra a sociedade sueca em geral, mas também contra a Suécia, os interesses suecos no exterior e os suecos no exterior”, disse um comunicado da polícia local, que acrescentou que a nação escandinava “se tornou um alvo prioritário para ataques”.

Alcorão: livro sagrado dos muçulmanos tem revelações que Alá transmitiu a Maomé (Foto: WikiCommons)

A queima do livro na Suécia teve uma turbulência diplomática como consequência. Particularmente com a Turquia, que em resposta cancelou uma visita do ministro da Defesa da Suécia a Ancara para uma reunião planejada para discutir a adesão à Otan, que vem se arrastando desde maio, embora exista aprovação entre todos os demais Estados-Membros. 

Isso porque o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, exige que Estocolmo adote uma postura mais clara sobre o que Ancara considera “terrorismo”, referindo-se à tolerância sueca com indivíduos acusados de serem militantes de milícias curdas.

Erdogan inclusive se manifestou publicamente contra a oferta sueca de ingressar na aliança militar após o incidente, mesma situação que vive a Finlândia, embora o líder turco diga que o caso de Helsinque é “menos problemático”.

A polícia sueca justificou a proibição da manifestação, algo raro no país, por não ter sido convocada pelo mesmo político de extrema-direita, e sim por uma associação pouco conhecida. 

A Suécia viu organizações de extrema-direita e neonazistas ganharem força nos últimos anos, assumindo o posto de principal partido do bloco governista de direita, tirando o protagonismo dos democratas do país, que se tornaram a segunda sigla no parlamento após as eleições em 2022.

Nesta semana, Estocolmo enviou suas condolências a Ancara pelo terremoto que tirou a vida de aproximadamente 12 mil pessoas na Turquia e na Síria. Além disso, enviou uma equipe de resgate para o leste turco para auxiliar nos esforços de socorro. 

Ameaça de terrorismo

Cidadãos norte-americanos na Turquia foram alertados pela embaixada dos EUA para o risco aumentado de atentados terroristas em Istambul no final de janeiro. Os possíveis alvos, segundo o comunicado de Washington, seriam áreas frequentadas por ocidentais, como os bairros de Beyoglu, Galata, Taksim e Istiklal.

De acordo com a embaixada norte-americana, “possíveis ataques iminentes de retaliação por terroristas” podem ser registrados depois que protestos de grupos de extrema direita, ofensivos ao Islã, ocorreram na Suécia e na Holanda e enfureceram a comunidade muçulmana.

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