Suposto espião russo, que dizia ser brasileiro, é preso no norte da Noruega

O homem era professor convidado e participava de um grupo de estudos sobre segurança na região do Ártico

A polícia da Noruega confirmou na terça-feira (25) que um homem suspeito de ser um espião russo foi preso na cidade de Tromso, no norte do país, no dia anterior. Ele dizia ser brasileiro e vinha trabalhando num projeto de pesquisa de segurança conduzido por uma universidade local, segundo o jornal britânico Guardian.

“Solicitamos que um pesquisador brasileiro da Universidade de Tromso seja expulso da Noruega porque acreditamos que ele representa uma ameaça aos interesses nacionais fundamentais”, disse Hedvig Moe, vice-chefe do Serviço de Segurança da Polícia Norueguesa (PST).

O homem chegou à Noruega em dezembro de 2021 dizendo ser brasileiro e usando o nome José Assis Giammaria. Ele solicitou à universidade que o autorizasse a fazer parte de um grupo de estudos sobre a segurança na região do Ártico.

Para as autoridades, porém, a identidade é falsa, e na verdade ele serve à inteligência russa. De acordo com o PST, é possível que o indivíduo tenha “adquirido informações sobre a política da Noruega na região norte”, algo que o país considera temerário caso tenha chegado às mãos do governo da Rússia. O homem será agora expulso do país.

Cidade de Tromso, no norte da Noruega (Foto: WikiCommons)

“Ele foi recomendado por um professor que conheci no Canadá, onde estudou. Fizemos a verificação de antecedentes padrão e ligamos para as referências que ele listou”, disse Gunhild Hoogensen Gjørv, uma professora da universidade.

Segundo uma outra pessoa que conheceu o suposto espião, ele era muito cauteloso com a própria privacidade e se recusava a usar o aplicativo de mensagens WhatsApp. Só aceitava se comunicar pelo semelhante russo Telegram. A fonte também destacou o “sotaque engraçado” de Giammaria, que lembrava o sotaque russo.

Alvo de espiões

Na semana passada, o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, disse que serviços de inteligência estrangeiros têm atuado na Noruega. Ele se manifestou em meio a uma série de casos de cidadãos russos acusados de ilegalmente pilotar drones em áreas proibidas do país escandinavo.

Alguns dias antes, Andrey Yakunin, filho de Vladimir Yakunin, importante aliado do presidente russo Vladimir Putin, havia sido preso por pilotar um drone no arquipélago Svalbard, um território ártico norueguês. Ele teria usado o equipamento para fotografar objetos confidenciais no norte do país.

Yakunin foi o sétimo russo preso no período de uma semana sob suspeita de pilotar aeronaves não tripuladas ilegalmente ou tirar fotos em áreas restritas do país escandinavo.

Após o início da incursão militar das tropas russas na Ucrânia, a exemplo da atitude tomada por outras nações ocidentais, a Noruega proibiu cidadãos e entidades russas de operar drones ou outras aeronaves sobre seu território.

Apesar disso, vários drones foram avistados perto de plataformas offshore de petróleo e gás, além de outras infraestruturas norueguesas nos últimos meses, disse o vice-chefe do PST. Segundo ele, há suspeitas das autoridades norueguesas de que os aparelhos estariam sendo usados pela Rússia para fins de espionagem.

Os episódios de explosões nos oleodutos Nord Stream 1 e 2 no Mar Báltico, incidentes que a investigação trabalha com hipótese de sabotagem, fizeram com que Oslo dobrasse a atenção quanto à segurança de sua infraestrutura estratégica.

Isso inclui olhar atento para plataformas de petróleo e o local onde Yakunin foi preso, Hammerfest, uma cidade-porto que abriga a usina de processamento de gás natural localizada mais ao norte da Europa. A maior parte do combustível fóssil lá produzido é distribuído para clientes do continente europeu. 

Tags: