Trabalhador humanitário britânico detido por separatistas russos na Ucrânia morre no cárcere

Paul Urey foi acusado de "atividades mercenárias" após ser preso em abril no sudeste do país

Um trabalhador humanitário britânico que foi detido por separatistas russos na Ucrânia morreu sob custódia. A informação foi dada nesta sexta-feira (15) por um funcionário da autoproclamada República Popular de Donetsk (DPR), segundo o jornal independente The Moscow Times.

Acusado de cometer “atividades mercenárias”, um crime punível com a morte na DPR, Paul Urey, de 45 anos, foi capturado nos arredores de um posto de controle perto da cidade ocupada de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, em abril. Junto dele estava o colega voluntário e compatriota Dylan Healy, também incriminado.

Paul Urey morreu no último domingo (10), segundo comissária de direitos humanos da República Popular de Donetsk (Foto: Facebook/Reprodução)

Segundo informações que a família de Urey recebeu do Ministério das Relações Exteriores, ele teria morrido no último domingo (10) “devido a uma doença”. Pelo Telegram, a enviada de direitos humanos da RPD, Daria Morozova, citou enfermidades crônicas e estresse como fatores agravantes para o óbito. 

“Durante seu primeiro exame médico, Paul Urey foi diagnosticado com várias doenças crônicas, incluindo diabetes insulino-dependente, insuficiência do sistema respiratório, insuficiência renal e várias doenças cardiovasculares”, detalhou ela em um post, acrescentando que o britânico recebeu assistência médica necessária, “apesar dos graves crimes que cometeu”.

A Legião Internacional de Defesa da Ucrânia – criada para receber estrangeiros que querem combater as agressões russas – disse à agência de notícias ucraniana Interfax que Urey não era um soldado profissional, como alegaram as autoridades da DPR, e sim um trabalhador humanitário.

“Estamos tristes com a notícia da morte do Sr. Urey. Ele não lutou na Ucrânia. Ele era funcionário de uma organização humanitária”, disse o serviço de imprensa da Legião.

O Reino Unido, por meio da secretária de Relações Exteriores, Liz Truss, acusou Moscou de ser a culpada pelo óbito. “Estou chocada. A Rússia deve arcar com toda a responsabilidade por isso”, declarou.

Urey apareceu algemado na TV estatal russa em maio, dizendo ao entrevistador que foi para a Ucrânia porque não acreditou na narrativa do conflito mostrada pela mídia britânica.

Sua mãe, Linda Urey, ao ver as confissões, disse que acredita terem sido feitas forçadamente. “Conheço meu filho, como toda mãe, e ele não estava agindo de forma natural”.

Ela já havia manifestado em abril preocupações sobre a saúde do filho e pediu ajuda ao Ministério das Relações Exteriores britânico e ao grupo de crise Presidium Network para soltá-lo. Em uma publicação nas redes sociais, Linda se diz “absolutamente devastada”.

Segundo a rede Sky News, outros dois outros britânicos e um marroquino capturados durante os combates na Ucrânia foram condenados à morte na DPR sob acusação de “atividades mercenárias”.

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