Parlamentar russo pega sete anos de prisão por declarações antiguerra

Alexei Gorinov foi considerado culpado de divulgar “informações sabidamente falsas” sobre os militares russos, crime que pode acarretar pena máxima de 15 anos

A Justiça russa condenou nesta sexta-feira (8) o deputado Alexei Gorinov a sete anos de prisão após considerá-lo culpado por críticas às ações do exército de Vladimir Putin na Ucrânia. Essa é a maior pena aplicada até agora com base na severa nova legislação que reprime os cidadãos que “desacreditam as forças armadas”, carimbada pelo Kremlin em março. As informações são da rede Radio Free Europe.

Segundo o site OVD-Info, que monitora protestos e a repressão no país, Gorinov foi aplaudido por vários espectadores presentes no tribunal em Moscou durante o processo, com os apoiadores posteriormente detidos por agentes de segurança.

Ele é a primeira autoridade política na Rússia a ser condenada por divulgar “informações sabidamente falsas” sobre o exército e a “operação militar especial” no país vizinho, eufemismo que o governo usa para se referir à guerra. A reclusão por esse tipo de crime pode chegar a 15 anos.

Alexei Gorinov em seu gabinete antes da prisão (Foto: Twitter/Reprodução)

Segundo as autoridades locais, Gorinov criticou a invasão russa em março durante uma reunião do conselho distrital de Krasnoselsky, do qual é membro. Ele lamentou na ocasião que a cidade realizasse uma competição de arte infantil enquanto na Ucrânia “todos os dias crianças morrem”. Foi levado sob custódia no mês seguinte.

Durante uma audiência preliminar em junho, o deputado ergueu uma placa que dizia “Sou contra a guerra”.

“Sete anos de prisão por palavras. Sete anos de prisão por causa de uma denúncia”, disse Andrei Pivovarov, um ativista da oposição que enfrenta uma sentença de cinco anos de prisão por liderar uma “organização indesejável”.

Desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, mais de 15 mil pessoas foram detidas na Rússia por se manifestar contra o conflito. Nesse mesmo período, mais de 2 mil ações judiciais foram abertas sob a acusação de “desacreditar as forças armadas”, segundo o OVD-Info.

Por que isso importa?

Na Rússia, contestar as ações do governo já não era uma tarefa fácil antes da eclosão da guerra na Ucrânia. Desde a invasão do país vizinho por tropas russas, no dia 24 de fevereiro, o desafio dos opositores do presidente Vladimir Putin aumentou consideravelmente, com novos mecanismos legais à disposição do Estado e o aumento da violência policial para silenciar os críticos.

Uma lei do início de março, com foco na guerra, pune quem “desacredita o uso das forças armadas”. Pela nova legislação, os detidos têm que pagar multas que chegam a 300 mil rublos (R$ 16,9 mil). A pena mais rigorosa é aplicada por divulgar “informações sabidamente falsas” sobre o exército e a “operação militar especial” na Ucrânia, eufemismo usado pelo governo para se referir à guerra. A reclusão pode chegar a 15 anos.

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