Turquia exige maior comprometimento da Suécia para aprovar ingresso na Otan

Ancara diz que a recente deportação de um curdo por Estocolmo é "um bom começo", mas que outras concessões são necessárias

A Turquia obteve na última sexta-feira (2) uma importante vitória com a deportação, pelo governo da Suécia, de um indivíduo curdo acusado de ligação com a milícia PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos). A concessão feita por Estocolmo é parte da lista de exigências de Ancara para aprovar a inclusão dos suecos na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). As informações são da agência Reuters.

Tanto a Suécia quanto a Finlândia têm planos de se juntar à Otan, anunciados em maio. Os dois países abandonaram suas políticas de longa data de não alinhamento militar e solicitaram a adesão após as tropas de Vladimir Putin invadirem a Ucrânia em fevereiro.

Jens Stoltenberg confirma que Suécia e Finlândia se juntarão à Otan (Foto: reprodução/Facebook)

Enquanto 29 dos 30 Estados da aliança ratificaram as adesões, sendo o mais recente a Hungria, a Turquia segue frustrando os planos dos nórdicos devido às alegações de que ambos dão abrigo a “terroristas”, referindo-se a integrantes das milícias PKK e YPG (Unidade de Proteção do Povo).

O indivíduo extraditado na última sexta é Mahmut Tat, que em 2015 pediu asilo na Suécia após ter sido condenado a seis anos e dez meses de prisão na Turquia por suposta ligação com o PKK. De acordo com a ministra sueca da Migração, Maria Malmer Stengard, o pedido foi negado, por isso ele foi mandado de volta à Turquia, onde está detido em uma prisão de Istambul.

O PKK, que luta pela autonomia curda na Turquia, é classificado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan como grupo terrorista e é um dos principais focos da política de segurança nacional turca. Ancara alega que, ao longo de 35 anos, a “campanha de terror” da milícia já matou mais de 40 mil civis e militares.

Embora tenha classificado a decisão da Suécia de extraditar Tat como “um bom começo”, o governo de Erdogan ainda diz que Estocolmo precisa fazer mais antes de ter o ingresso no bloco aprovado.

“Este é um bom começo da Suécia, que mostra sua sinceridade e boa vontade. Esperamos que novas (extradições) sigam essa sinceridade”, declarou nesta segunda-feira (5) o ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag, que citou outras exigências.

“De acordo com o memorando trilateral com Suécia e Finlândia, elas devem suspender todos os embargos (de armas) à Turquia, mudar sua legislação para a luta contra o terrorismo e extraditar todos os terroristas que a Turquia desejar. Todas essas condições não devem ser reduzidas a extradições”, disse ele.

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