Ucrânia diz que drones russos explodiram no território da Romênia, membro da Otan

Bucareste nega 'categoricamente' a alegação, que poderia efetivamente colocar a aliança militar transatlântica no conflito

A guerra da Ucrânia registrou nesta segunda-feira (4) um desdobramento que poderia ter consequências desastrosas, inserindo a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) efetivamente no conflito. De acordo com Kiev, durante um grande ataque realizado pela Rússia na região do rio Danúbio, drones russos teriam caído no território da Romênia, membro da aliança. As informações são da agência Reuters.

“De acordo com o serviço estatal de guarda de fronteiras da Ucrânia, ontem à noite, durante um ataque massivo russo perto do porto de Izmail, os Shaheds russos caíram e detonaram no território da Romênia”, escreveu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, Oleg Nikolenko, no Facebook.

No post, que inclusive mostra o que seria uma foto da explosão dos drones, a autoridade ucraniana insta a aliança militar transatlântica a agir, com base no mecanismo de solidariedade que a obriga a tomar parte de qualquer conflito que venha a atingir um de seus membros.

“Esta é mais uma confirmação de que o terror dos mísseis da Rússia representa uma enorme ameaça não só para a segurança da Ucrânia, mas também para a segurança dos países vizinhos, incluindo os Estados-Membros da Otan”, disse Nikolenko.

Bucareste, no entanto, tratou de acalmar os ânimos e negou “categoricamente” a alegação do governo ucraniano. Conforme a denúncia de Kiev, o incidente ocorreu quando Moscou atacava a infraestrutura portuária ucraniana no Danúbio, rio que marca a linha divisória entre Ucrânia e Romênia.

Drone iraniano Shahed semelhante aos que têm sido usados pela Rússia (Foto: WikiCommons)

Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, aproveitou a ocasião para cobrar maior apoio militar ocidental a Kiev. “Armas adicionais e mísseis de longo alcance para a Ucrânia, para acelerar a desocupação dos nossos territórios. A Rússia deve ser derrotada no campo de batalha”, disse ele através do Telegram.

Moscou tem intensificado os ataques a portos ucranianos desde que deixou a Iniciativa dos Grãos do Mar Negro, um acordo intermediado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pela Turquia que permitia a exportação de alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia para o resto do mundo.

Nesta semana, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan se encontrará com o homólogo russo Vladimir Putin para tentar negociar uma alternativa à Iniciativa, cuja interrupção comprometeu o fornecimento de alimentos a países em crise humanitária e contribuiu para o aumento global dos preços.

Paralelamente, os ataques russos às instalações portuárias ucranianas surgem no momento em que Kiev obtém algum sucesso em sua contraofensiva, cujo objetivo é libertar territórios que estão atualmente sob o controle de Moscou. Os principais alvos da Rússia têm sido os portos de Reni e Ismail, no Danúbio, perto da Romênia, e a região de Odessa, às margens do Mar Negro e sede de dois grandes portos.

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