O governo ucraniano agiu legalmente contra pelo menos duas empresas militares ocidentais que não cumpriram os contratos de fornecimento de equipamentos ou não reembolsaram as taxas pagas por Kiev para assegurar esses acordos, conforme relatado pela revista Newsweek.
A medida ocorre em meio a uma série de escândalos de aquisições que atingem o Ministério da Defesa da Ucrânia, enquanto suas tropas lutam contra o exército de Vladimir Putin. Durante o confronto, que já dura um ano e meio, as forças ucranianas se tornaram altamente dependentes de armas ocidentais.
A pasta de Defesa ucraniana comunicou à reportagem que cerca de 11% de todos os contratos militares assinados envolviam fornecedores estrangeiros e que apenas alguns deles enfrentaram dificuldades em cumprir integralmente suas obrigações.
Seis empresas estrangeiras, incluindo duas americanas, não cumpriram total ou parcialmente seus compromissos estabelecidos em contrato, mas “realizaram entregas parciais ou reembolsaram completamente os fundos”, de acordo com o ministério.
Duas empresas europeias não entregaram as mercadorias nem reembolsaram os adiantamentos, o que levou à instauração de ações judiciais pelo Ministério da Defesa ucraniano. Kiev optou por não revelar a identidade das empresas envolvidas nem fornecer detalhes sobre os contratos, citando a necessidade de “proteger informações militares sensíveis”, de acordo com a lei marcial.
No entanto funcionários do Ministério haviam revelado anteriormente detalhes de um fornecedor que não cumpriu seus compromissos, mencionando o caso da empresa polonesa Alfa durante o mandato do então ministro da Defesa Oleksii Reznikov, que desde então renunciou e deu lugar a Rustem Umerov.
Muitas empresas, incluindo aquelas com influência no mercado, “enfrentaram dificuldades para cumprir os contratos assinados”, afirmou Reznikov na ocasião, explicando ainda que a Alfa ofereceu outros tipos de projéteis para Kiev avaliar se atendem às necessidades. Posteriormente, seria tomada uma decisão sobre a entrega ou o reembolso.
Reznikov renunciou ao cargo no início deste mês, atendendo a um pedido do presidente Volodymyr Zelensky. Ele foi ligado a um grande escândalo de corrupção que estourou no ano passado, relacionado a um contrato inflacionado para aquisição de rações militares, embora não fosse pessoalmente responsável pelo negócio.