UE alcança “acordo político” sobre novas sanções contra programa de drones do Irã

De Bruxelas, o Alto Representante do bloco, Josep Borrell, disse que a estabilidade no Oriente Médio não será alcançada enquanto o conflito em Gaza persistir

Da Bélgica, os líderes da União Europeia (UE) anunciaram na segunda-feira (22) um marco significativo: um “acordo político” para ampliar o alcance das sanções contra o programa de drones do Irã. As informações são do jornal The Times of Israel.

O Alto Representante do bloco econômico, Josep Borrell, em uma coletiva de imprensa após a reunião do Conselho de Relações Exteriores em Bruxelas, destacou a importância desse pacto. Ele explicou que a expansão do regime de sanções visa “cobrir não apenas os drones em si, mas também os mísseis e a possível transferência dessas tecnologias para a Rússia“. O diplomata disse que a medida repete o mesmo sistema que foi feito para o Kremlin.

Borrell detalhou que, além disso, o escopo geográfico das sanções será ampliado para incluir não apenas Moscou, mas toda a região do Oriente Médio e do Mar Vermelho.

O alto representante da União Europeia, Josep Borrell, em pronunciamento ao Parlamento Europeu em outubro de 2019 (Foto: European Union)

O acordo também envolve a expansão da lista de componentes de drones proibidos, fortalecendo ainda mais as medidas restritivas, acrescentou o diplomata. Segundo ele, a medida reflete uma postura mais assertiva da UE em relação ao programa de drones de Teerã, enfatizando sua preocupação com a estabilidade e segurança regionais.

Desde 2022 têm se acumulado denúncias de que Teerã fornece drones às tropas de Vladimir Putin, o que piorou as relações entre o Irã e o Ocidente. Os governos russo e iraniano teriam, inclusive, firmado um acordo para que Moscou passe a produzir, com base em projetos iranianos, seus próprios drones de ataque.

O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Kast, enfatizou a importância da decisão da UE de sancionar os programas de armas do Irã como uma mensagem clara às autoridades do país. Enquanto isso, Borrell, em relação à situação na Faixa de Gaza, destacou a necessidade urgente de três medidas: libertação de reféns, cessar-fogo e alívio da crise humanitária. Ele observou que “não houve progresso significativo em nenhuma dessas áreas”.

Borrell reforçou seu apelo por acesso irrestrito à assistência humanitária ao afirmar que o comissário responsável, Janez Lenarcic, apresentou exemplos concretos de obstruções à ajuda humanitária. Ele enfatizou que a catástrofe humanitária para o povo palestino persiste devido à falta de flexibilização no apoio humanitário.

Além disso, destacou que a estabilidade duradoura na região não será alcançada enquanto a guerra em Gaza continuar. Borrell também mencionou a expectativa em relação ao relatório do Grupo de Revisão sobre as alegações israelenses sobre a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo), estabelecida em 1949 para fornecer assistência humanitária e proteção aos refugiados palestinos que foram deslocados durante e após o conflito árabe-israelense de 1948.

Um relatório conduzido pelo Grupo de Investigação Independente, liderado pela ex-ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, foi divulgado na segunda-feira, destacando que Israel não respaldou as alegações feitas contra os funcionários da UNRWA.

Borrell expressou esperança de que o estudo conduzido pelo Grupo de Revisão liderado por Catherine possa restaurar o financiamento para a UNRWA, especialmente proveniente da Comissão Europeia.

As acusações de que 12 funcionários da agência estiveram envolvidos diretamente no ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, geraram um grande déficit de financiamento para a UNRWA, levando muitos países doadores a reduzirem seus apoios.

No entanto, alguns desses países reconsideraram suas decisões e retomaram o financiamento à agência, reconhecendo a crítica situação humanitária no enclave sitiado.

Tags: