Unidade de elite do Exército da Ucrânia inicia recrutamento e aposta no legado de heroísmo

Batalhão 'Da Vinci Wolves' usa reputação para atrair novos membros, enquanto Kiev reforça mobilização e recrutamento militar

Diante da escassez de soldados, a Ucrânia está empenhada em reestruturar sua mobilização e ampliar o recrutamento militar, à medida que se aproxima o segundo aniversário da invasão russa, que ocorre na próxima quinta-feira (22). Paralelamente, Kiev busca aprimorar o sistema de alistamento e combater a corrupção nas Forças Armadas.

A situação é delicada a ponto de líderes militares terem feito um apelo pela adição de centenas de milhares de novos soldados para ajudar a quebrar o impasse no campo de batalha no final do ano passado, desencadeando um conflito sobre estratégia entre o presidente Volodymyr Zelensky e o general Valerii Zaluzhnyi, então chefe das Forças Armadas.

Há um esquadrão particularmente emblemático engajado nisso. Um ano após a morte do fundador do Batalhão “Da Vinci Wolves” (Lobos de Da Vinci, em tradução livre), que perdeu a vida em combate contra as forças russas, seu retrato agora decora uma nova sala de recrutamento em Kiev, como se estivesse vigilante aos potenciais novos membros, mostrou reportagem da agência Reuters.

Para o Da Vinci Wolves, liderado pelo herói de guerra Dmytro “Da Vinci” Kotsiubailo até sua morte em março passado, a estratégia envolve usar sua imagem pública e presença online para atrair novos voluntários. A importância do soldado foi tamanha que ele foi nomeado Herói da Ucrânia em 2021 por Zelensky. O destacamento está sob o guarda-chuva da 59ª Brigada Motorizada.

Soldados ucranianos em posição de sentido durante uma cerimônia de formatura realizada em setembro de 2016 (Foto: Public Domain Pictures)

Sob a liderança do comandante Serhii Filimonov, a unidade busca atrair pessoas comprometidas com o serviço militar e familiarizadas com os desafios no front.

“Estamos procurando indivíduos que estejam dispostos a lutar, que desejem se juntar à nossa unidade e que compreendam claramente o que estão enfrentando”, afirmou Filimonov ao inaugurar o novo escritório de recrutamento.

A Ucrânia enfrentou dificuldades em avançar significativamente em uma contraofensiva lançada em junho do ano passado, sendo alvo de ataques russos em várias frentes. A mobilização do país foi complicada por denúncias de corrupção e relatos frequentes de abusos por parte de oficiais do serviço militar, incluindo invasões de residências e detenções arbitrárias em ônibus.

Diante desse cenário, o parlamento está analisando um projeto de lei que propõe reduzir a idade para o serviço militar obrigatório de 27 para 25 anos e aumentar as punições para aqueles que evitam o alistamento. Além disso, o Ministério da Defesa buscou a ajuda de recrutadores terceirizados para enfrentar os desafios do alistamento.

O Da Vinci Wolves recebeu mais de mil inscrições e busca cerca de 500 novos membros, revelou Filimonov, que também mencionou que militares de outras unidades estão interessados em transferência. Os candidatos passam por entrevistas e exames médicos antes do treinamento, com um novo escritório do batalhão inaugurado em Lviv, no oeste do país.

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