76% das crianças no sul da Ásia estão expostas ao calor extremo, aponta Unicef

Vulnerabilidade dos menores na região é a mais alta do mundo, onde 460 milhões sofrem com altas temperaturas

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O sul da Ásia tem a maior porcentagem de crianças expostas a temperaturas extremamente altas, em comparação com todas as outras regiões, segundo uma análise do Fundo da ONU para Infância (Unicef).

A agência estima que 76% das crianças com menos de 18 anos na região, o que representa 460 milhões de pessoas, estão expostas ao calor extremo. Essa categoria implica um local onde 83 ou mais dias em um ano excedem 35ºC. 

Estima-se que três em cada quatro crianças no sul da Ásia já estão expostas a temperaturas elevadas, em comparação com apenas uma em cada três crianças em nível global. A análise utiliza dados de 2020, os mais recentes disponíveis.

Benaziz, 30, com seus filhos na aldeia de Balocho Zardari, Shaheed Benazir Abad, Nawabshah, Sindh, Paquistão (Foto: Unicef/Juan Haro)

Julho foi o mês mais quente já registrado no mundo, aumentando a preocupação com um futuro em que as crianças, incluindo aquelas que vivem no sul da Ásia, devem enfrentar ondas de calor mais frequentes e severas, em grande parte devido às mudanças climáticas.

O diretor regional do Unicef para o Sul da Ásia, Sanjay Wijesekera, disse que a organização está particularmente preocupada “com bebês, crianças pequenas, crianças desnutridas e mulheres grávidas, pois são mais vulneráveis à insolações e outros efeitos graves.”

De acordo com o Índice de Risco Climático Infantil (Ccri), de 2021 do Unicef, as crianças no Afeganistão, Bangladesh, Índia, Maldivas e Paquistão estão em “risco extremamente alto” de sofrer os impactos das mudanças climáticas.

Em partes da província de Sindh, no Sul do Paquistão, incluindo Jacobabad, a cidade mais quente do mundo em 2022, as temperaturas estavam na casa dos 40 °C em junho, expondo 1,8 milhão de pessoas a sérios riscos de saúde.

Cuidados de saúde

Mesmo no período chuvoso, o calor pode agravar a situação para as crianças. Como elas não conseguem se adaptar rapidamente às mudanças de temperatura, não são capazes de remover o excesso de calor de seus corpos.

A situação pode causar sintomas e doenças como temperatura corporal mais alta, batimentos cardíacos acelerados, cólicas, dor de cabeça intensa, confusão, falência de órgãos, desidratação, desmaios e coma.

O Unicef informa que para crianças pequenas, usar bolsas de gelo, ventiladores ou nebulização com água pode ajudar a reduzir a temperatura corporal. Já para crianças mais velhas, a imersão em água fria pode ser um recurso importante.

A agência recomenda que trabalhadores da linha de frente, familiares e cuidadores fiquem atentos a sintomas de estresse térmico, especialmente sinais de insolação, e ajudem a levar as crianças afetadas a uma unidade de saúde.

Definições
  • Onda de calor: Qualquer período de três dias ou mais em que a temperatura máxima a cada dia estiver nos 10% mais alto da média local de 15 dias.
  • Alta frequência de ondas de calor: Onde há em média 4,5 ou mais ondas de calor por ano.
  • Temperaturas extremamente altas: Onde, em média, 83,54 ou mais dias por ano excedem 35°C.

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