Agência de migração da ONU faz apelo de US$ 18,5 milhões ante ao ‘aumento’ da mpox

Migrantes e outras populações marginalizadas e altamente móveis, são muito mais propensas à infecção, de acordo com a OIM

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

A disseminação do mpox pelo Chifre da África, leste e sul da África aumentou o risco de infecção para migrantes que precisam de cuidados de saúde “cruciais” e outro apoio antes de um “aumento previsto” de casos, disse a Organização Internacional para as Migrações (OIM) nesta quarta-feira (21), em um apelo por US$ 18,5 milhões para financiar a resposta.

Migrantes e outras populações marginalizadas e altamente móveis, incluindo aquelas desalojadas de suas casas por emergências naturais e conflitos, são muito mais propensas à infecção devido às más condições de vida e às “barreiras significativas” que muitos frequentemente encontram ao buscar ajuda, explicou a agência da ONU (Organização das Nações Unidas)

“A disseminação de mpox pelo Chifre, leste e sul da África é uma grande preocupação, especialmente para os migrantes vulneráveis, populações altamente móveis e comunidades deslocadas, muitas vezes esquecidas em tais crises”, disse Amy Pope, diretora-geral da OIM. “Devemos agir rapidamente para proteger aqueles com maior risco e mitigar o impacto deste surto na região.” 

Deslocados da República Democrática do Congo na província de Tanganyika, outubro de 2020 (Foto: Unicef/Olivia Acland)
Centro de migração

A doença afeta pessoas na região africana há mais de uma década, disse a agência da ONU, observando que a região do Chifre da África, leste e sul da África abriga 12,2 milhões de migrantes internacionais – quase metade de todos os migrantes na África .

Destacando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a OIM observou que, até 8 de agosto, dos 12 países africanos que relataram um surto, seis eram dessas regiões. Em julho, novos casos surgiram no Quênia, Burundi, Ruanda e Uganda, anteriormente não afetados, com infecção transfronteiriça citada como um fator na disseminação da doença

O apelo da OIM para 13 países – Burundi, República Democrática do Congo (RDC), Eswatini, Quênia, Malawi, Moçambique, Ruanda, África do Sul, Sudão do Sul, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue – tem como objetivo apoiar medidas de prevenção, controle e resposta a infecções, particularmente em travessias de fronteira. Ajudará a financiar atividades de conscientização entre comunidades migrantes e anfitriãs, juntamente com pessoas deslocadas internamente.

“Este plano de preparação e resposta visa preparar e responder ao aumento previsto de casos de mpox  e mitigar a propagação e os prováveis ​​impactos negativos da propagação do vírus por toda a região”, disse a agência da ONU.

Foco na doença

A OIM observou que o papel da região como um “centro de origem, destino e trânsito” para migrantes pode dificultar a prevenção de doenças, acrescentando que há planos em andamento para continuar a desenvolver a capacidade dos profissionais de saúde nacionais e dos socorristas da linha de frente, ao mesmo tempo em que permite a identificação de áreas de alto risco para garantir o monitoramento eficaz da doença e reduzir sua disseminação de país para país.

“Populações vulneráveis, como migrantes e deslocados internos impactados pela mpox ou em risco de serem afetados, devem receber os cuidados de saúde e a proteção necessários, especialmente em regiões onde o acesso a tais serviços é limitado e têm um alto número de migrantes e populações deslocadas”, disse a OIM em uma declaração.  

Ameaça internacional à saúde

O anúncio da OIM ocorre uma semana após a OMS declarar a mpox uma emergência de saúde pública de interesse internacional, após a rápida disseminação de uma nova cepa da doença conhecida como clado 1b do leste da República Democrática do Congo.

O subtipo 1b é transmitido principalmente por contato sexual, embora a OMS tenha dito na terça-feira (20) que mais pesquisas são necessárias sobre outros modos potenciais de infecção pelas bolhas associadas à doença, como roupas de cama contaminadas.

Os últimos dados da OMS indicam mais de 15 mil casos suspeitos na RDC, incluindo 537 mortes até agora . O total global de casos de mpox é de mais de cem mil.

A doença é conhecida por ser transmitida de animais para humanos e se espalhar por contato próximo com indivíduos ou animais infectados por meio de gotículas respiratórias, sangue, fluidos corporais ou lesões. Os sintomas incluem febre, erupção cutânea, dores de cabeça, dor de garganta, dores musculares, linfonodos inchados e dor nas costas.

Tags: