Um levantamento da Global Witness apontou que bancos e investidores chineses forneceram mais de U$ 22,5 bilhões a companhias ligadas ao agronegócio e ao desmatamento, entre janeiro de 2013 e abril de 2020.
As maioria das empresas beneficiadas envolvia produção e comércio de commodities, como óleo de palma, soja e carne bovina – os principais destruidores de florestas ao redor do mundo.
Os dados colocam a China como o sexto maior financiador de desmatamento global no período, só atrás dos principais produtores de commodities como Brasil, Malásia, EUA e Indonésia, além do Japão, o único não produtor.
A análise tem base nos dados recém-publicados da Forests & Finance. Um relatório divulgado em maio mostra que cinco dos maiores bancos chineses são responsáveis por 45% de todos os fundos fornecidos a estes setores.
“As empresas financiadas pelos bancos chineses sugerem que essas instituições fizeram pouca ou nenhuma diligência para proteger a exposição a danos ambientais e sociais”, disse a ativista florestal da Global Witness Beibei Yin.
Relevância
Em seu estudo, a Global Witness comprova que é a lei chinesa quem regulamenta todos os bancos comerciais do país. Há uma projeção de que esse dispositivo jurídico passe por uma revisão ainda em 2021.
Assim, watchdogs estão pressionando para que os legisladores exijam uma garantia de não-financiamento a negócios ligados a danos sociais e ambientais – tanto dentro da China quanto no exterior.
Meta ousada
Na cúpula do clima, em abril, o presidente Xi Jinping se comprometeu a zerar as emissões de carbono. A meta da China, tida como ambiciosa, é alcançar a neutralidade de carbono, o chamado ‘zero líquido’, até 2060. Para defensores ambientais, contudo, o objetivo é controverso.
Entre os bancos com mais ativos no mundo, as instituições chinesas poderiam servir de exemplo ao deixar de financiar empresas ligadas ao desmatamento, conclui o relatório.
“Se a China impedisse seus bancos de financiar a destruição das florestas, demonstraria liderança global e ajudaria em investimentos à prova de futuro”, diz o documento. “A revisão da lei bancária chinesa oferece uma oportunidade crucial para garantir que o setor esteja alinhado com as ambições verdes do país”.