Costas e vida marinha enfrentam grande ameaça devido à remoção maciça de areia

Estudo da ONU revela que a indústria de dragagem marítima extrai anualmente seis bilhões de toneladas de areia e sedimentos

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

Descobertas surpreendentes de uma nova plataforma de dados da ONU revelam que a indústria de dragagem marítima extrai anualmente uma quantidade impressionante de seis bilhões de toneladas de areia e sedimentos das praias.

Isto equivale a mais de um milhão de caminhões basculantes todos os dias, colocando uma enorme pressão sobre a biodiversidade marinha e o bem-estar das comunidades costeiras.

A plataforma Marine Sand Watch, desenvolvida pelo centro analítico do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), usa inteligência artificial e sinais automáticos de navios para rastrear e monitorar a extração de areia, argila, silte, cascalho e rocha no ambiente marinho global.

A ferramenta fornece informações cruciais sobre zonas de extração de areia, locais de dragagem de capital e manutenção, centros de comércio de areia, contagem de navios e operadores no mar.

Embora seja uma plataforma inovadora, atualmente não consegue detectar a mineração artesanal e em pequena escala ao longo de costas pouco profundas, apesar da intensidade da atividade em algumas regiões, de acordo com o PNUMA.

Mineração de areia na Reserva Natural da Ilha Tern, Safety Bay, Austrália, fevereiro de 2022, (Foto: Calistemon/WikiCommons)
Areia, um material estratégico

“A escala dos impactos ambientais das atividades de mineração e dragagem em águas rasas é alarmante, incluindo a biodiversidade, a turbidez da água e os impactos do ruído nos mamíferos marinhos”, disse Pascal Peduzzi, diretor do PNUMA.  

“Estes dados sinalizam a necessidade urgente de uma melhor gestão dos recursos de areia marinha e de redução dos impactos da mineração em mar raso”, acrescentou.

O alto funcionário da ONU (Organização das Nações Unidas) apelou aos governos, bem como ao setor da dragagem, para que tratem a areia como um material estratégico e se envolvam rapidamente em conversações sobre como melhorar os padrões de dragagem em todo o mundo.

Impactos alarmantes

Entre quatro e oito bilhões de toneladas de sedimentos são dragados anualmente de ambientes marinhos e costeiros.

Isto está “perigosamente” próximo da taxa de reposição natural de dez a 16 bilhões de toneladas por ano, necessária para sustentar os ecossistemas costeiros e marinhos, de acordo com o PNUMA.  

Embora a mineração de areia e cascalho em águas rasas seja vital para vários projetos de construção, ela representa uma grande ameaça para as comunidades costeiras que enfrentam o aumento do nível do mar e as tempestades.

A extração de areia também põe em perigo os ecossistemas costeiros e do fundo do mar, impactando a biodiversidade marinha, os nutrientes do mar e a poluição sonora, bem como impactando na salinização dos aquíferos e no futuro desenvolvimento do turismo, acrescentou o PNUMA.

Recomendações

As práticas e regulamentações internacionais variam amplamente, observou o PNUMA, sendo que países como a Indonésia, a Tailândia, a Malásia, o Vietnã e o Camboja proibiram as exportações de areia marinha nas últimas duas décadas, enquanto outros carecem de legislação ou programas de monitoração eficazes.

relatório Areia e Sustentabilidade de 2022 da agência da ONU também apela por maior monitoração da extração e utilização de areia e recomenda o fim da extração de areia das praias e dos sistemas ativos de areia perto da costa para fins de mineração. Cobra, ainda, novas normas internacionais que regulem a atividade.

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