Covid-19 atrasa combate a doenças tropicais, alerta a OMS

Grupo de 20 doenças tropicais afeta 1,7 bilhão de pessoas em todo o mundo – 40% no continente africano

A pandemia da Covid-19 gerou grande retrocesso no combate a doenças tropicais, disse a OMS (Organização Mundial da Saúde). O grupo de 20 doenças afeta 1,7 bilhão de pessoas, sendo 40% da África.

Desde 2010, 42 países ao redor do mundo eliminaram pelo menos uma das doenças – um progresso importante, disse a diretora do controle de doenças tropicais da OMS, Mwelecele Malecela, à emissora VOA (Voice of America).

Com as interrupções e os atrasos nos serviços de saúde, campanhas de tratamento em massa, pesquisa e transporte na entrega de medicamentos foram afetados. “Todos os esforços de combate serão revertidos se não mantivermos a vigilância”, afirmou.

Covid-19 atrasa combate a doenças tropicais, diz OMS
Crianças higienizam as mãos em campo de apoio da Unicef na capital do Mali, Bamako, em maio de 2020 (Foto: Unicef/Harandane Dicko)

A doença do verme-da-guiné, por exemplo, está prestes a ser erradicada, com apenas 27 novos casos registrados em humanos em 2020. Na década de 1980, cerca de 3,5 milhões de pessoas sucumbiam ao parasita de água infectada por ano na África e na Ásia.

A bouba, uma infecção crônica que acomete a pele, também está perto de ser erradicada no subcontinente indiano. Outro exemplo é o tracoma, infecção bacteriana que afeta os olhos. “Marrocos, Gana e Gâmbia já erradicaram essa doença”, disse.

Enquanto isso, Togo, Iêmen e Malaui encerraram todos os casos de filariose linfática, transmitida por mosquitos e que afeta os gânglios e vasos linfáticos.

Projeções

O combate a doenças mais agressivas, como a malária, é a maior preocupação da OMS. A tendência é de um retrocesso de 20 anos no combate a esse tipo de enfermidade, por conta da Covid-19.

Uma projeção da OMS de abril de 2020 aponta que, no pior cenário, 769 mil pessoas podem morrer de malária na África Subsaariana por ano se houver interrupção no combate. O número é duas vezes maior que o registrado em 2018, quando 360 mil pessoas morreram. A apuração foi a mais pessimista desde 2000.

A África Subsaariana é a região mais afetada pela malária: registrou 93% dos casos e 94% das mortes em todo o mundo em 2018. As mortes ocorrem principalmente entre crianças com menos de 5 anos.

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