Fim da violência contra mulheres requer mais financiamento em prevenção, diz ONU

Campanha mundial mobiliza agências das Nações Unidas e foca em ampliar recursos em programas com ações preventivas

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Cerca de 736 milhões de mulheres, quase uma em cada três, foram sujeitas a violência física e/ou sexual por um parceiro íntimo, um desconhecido, ou ambos, pelo menos uma vez na vida. Para combater esta violação de direitos humanos, diversas agências da ONU se unem na campanha “16 Dias de Ativismo contra a Violência Baseada no Gênero”.

Esta é uma iniciativa internacional anual, liderada pela sociedade civil, que começa em 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres e vai até 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos. 

Neste ano, a ênfase está em aumentar o investimento para reforçar a prevenção da violência contra mulheres e meninas.

A campanha pede aos cidadãos para que mostrem o quanto se preocupam em acabar com essa forma de violência, compartilhando ações que estão tomando para criar um mundo livre deste flagelo.

A ONU Mulheres destaca que sem investimentos ambiciosos para ampliar os programas de prevenção, implementar políticas eficazes e fornecer serviços de apoio para combater a violência contra as mulheres e meninas, os países não conseguirão acabar com a violência baseada em gênero até 2030.

ONU Mulheres Uganda apoia o lançamento da campanha 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero em Moroto (Foto: UN Women Uganda/Nadine Kamolleh)
Investimentos atuais não são suficientes

Segundo dados recentes, 78% dos países têm compromissos orçamentais para implementar legislação que aborda a violência contra as mulheres.

Mas a ONU Mulheres aponta que não está claro como os países estão integrando a prevenção nos diferentes setores, incluindo educação, saúde, desenvolvimento econômico e proteção social.

Para a agência, “os atuais investimentos globais na prevenção da violência baseada no gênero não são suficientes”.

Mais alta prioridade 

A diretora-geral da Organização Internacional para Migrações (OIM) afirmou que esse tipo de violência “prospera na sombra do silêncio e da ignorância”.

Em mensagem, Amy Pope disse que vai ter como a “mais alta prioridade” a proteção de mulheres e meninas atendidas nos projetos. Ela é a primeira mulher a liderar a agência, criada há 72 anos.

Pope afirmou que nos próximos dois anos, a agência irá aumentar em 50% a quantidade de profissionais dedicados ao tema da violência baseada em gênero.

Capacitação de homens e meninos

Com base em experiências concretas em países como Uganda, o Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA) destaca que homens e rapazes devem desempenhar um papel fundamental na eliminação da violência contra mulheres para mudar as suas comunidades para melhor.

No país africano, cerca de 95% de mulheres e meninas relataram em 2021 que tinham sobrevivido à violência física, sexual ou a ambas desde os 15 anos de idade.

A UNFPA integra a Iniciativa Spotlight, que já ofereceu formações sobre violência baseada para mais de 1,5 mil homens em Uganda desde 2019. 

O treinamento oferece aos mentores do sexo masculino a oportunidade de aprender estratégias para mudar atitudes e normas que levam à violência e apoiar acesso das sobreviventes aos serviços de assistência.

Drogas e violência

O Escritório da ONU sobre Drogas e Crime (UNODC) destaca nestes 16 Dias de Ativismo a necessidade de os esforços internacionais de controle de drogas mais sensíveis a questões de gênero. 

Em um comunicado sobre o tema, a agência afirma que “é claro que o problema mundial das drogas está prejudicando a igualdade de gênero”. O documento observa, por exemplo, que o abuso de substâncias é uma das principais causas da violência baseada no gênero.

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