OMS condena exposição de crianças a lixo eletrônico e destaca riscos à saúde

Relatório da entidade indica que 18 milhões de crianças trabalham no setor informal com a reciclagem de lixo eletrônico

Relatório divulgado na segunda-feira (14) pela OMS (Organização Mundial da Saúde) revela que 18 milhões de menores de idade trabalham no setor informal com a reciclagem de lixo eletrônico. A atividade envolve ainda 12,9 milhões de mulheres, expondo tanto as trabalhadoras quanto seus filhos ao ambiente tóxico.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, usou a expressão “tsunami de lixo eletrônico” para falar da situação, tanto no tocante à produção quanto ao descarte incorreto de eletroeletrônicos. Segundo ele, a solução do problema passa pelo descarte ambientalmente correto, com menor risco à saúde e à segurança dos trabalhadores e de suas famílias.

Lixo eletrônico: 18 milhões de menores de idade trabalham no setor informal de reciclagem (Foto: Unplash/Hermes Rivera)

Riscos à saúde

De acordo com o relatório, os pais são invariavelmente responsáveis por envolver os menores na reciclagem de lixo eletrônico. As mãos pequenas das crianças as tornam mais capazes de lidar com as pequenas peças durante o processo. 

Há ainda o caso das crianças que não trabalham diretamente na reciclagem, mas vivem e brincam perto de lixões com grandes quantidades de produtos químicos tóxicos, principalmente chumbo e mercúrio, capazes de afetar as habilidades intelectuais a médio e longo prazos.

As crianças expostas ao lixo eletrônico são mais vulneráveis por terem órgãos menos desenvolvidos, explica a OMS. Elas absorvem proporcionalmente mais poluentes em relação ao seu tamanho e têm menor capacidade de metabolizar ou eliminar substâncias tóxicas.

Na saúde humana, o lixo eletrônico tem impacto em quem tenta recuperar materiais valiosos como cobre e ouro. Existe um risco de exposição a mais de mil substâncias nocivas, incluindo chumbo, mercúrio e níquel, por exemplo.

Solução do problema do lixo eletrônico passa pela redução da produção e melhora no processo de descarte (Foto: Divulgação/OMS)

Para uma futura mãe, a exposição ao lixo eletrônico tóxico pode afetar para o resto da vida a saúde do filho em fase de desenvolvimento uterino. Entre os potenciais efeitos adversos estão baixo peso e estatura no nascimento, ou mesmo a ocorrência de natimortos e prematuros. 

Números

A Gesp (Parceria Global Para Lixo Eletrônico, da siga em inglês) revelou que os volumes de lixo eletrônico estão aumentando globalmente. No quinquênio entre 2015 e 2019, a alta foi de 21%. Foram geradas 53,6 milhões de toneladas métricas de lixo eletrônico. 

Apenas 17,4% do lixo eletrônico produzido em 2019 chegou a instalações formais de gerenciamento ou reciclagem. O restante foi despejado ilegalmente, quase sempre em países de baixa ou média rendas onde é reciclado por informais.

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