Mais de 1,2 mil pessoas correm risco diário de sofrer mutilação genital feminina

Segundo dados apresentados pelas Nações Unidas, um quarto das sobreviventes teve contato com um profissional de saúde

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

As Nações Unidas marcam o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina pedindo que os esforços e investimentos sejam redobrados para defender os direitos das mulheres e das meninas e que se acelere o fim da prática.

Em mensagem sobre a data, assinalada nesta terça-feira (6), o secretário-geral, António Guterres, diz que a mutilação genital feminina é uma violação flagrante dos direitos humanos com danos permanentes à saúde física e mental das vítimas.

Estima-se que atualmente 4,4 milhões de meninas estejam em risco de sofrer com o que o chefe da ONU chama de “terrível ato de violência baseada no gênero”. O número equivale a 1,2 mil casos diários.

Cartaz de estrada da campanha contra a mutilação genital feminina (Foto: Wikicommons)

A ONU News conversou com a embaixadora em Portugal da ONG AND, que promove o fim da mutilação genital feminina no país. De Estrasburgo, França, Sona Fati defendeu que é preciso continuar com a prevenção envolvendo ativamente as pessoas que deixam suas terras de origem.

“É importante incluir as pessoas migrantes, independentemente da origem e dos países, porque as dinâmicas das vivências também nos ajudam a refletirmos sobre as práticas das nossas origens. Não se trata de nós perdermos a nossa origem, essência, cultura e identidade. Não. Ajuda-nos a verificar se as práticas que estamos a ter, daquilo que nós chamamos a nossa cultura, elas realmente são potenciadoras do desenvolvimento humano. É importante dar oportunidade às mulheres, em todas as esferas da sociedade, desde tenra idade. É muito importante olhar para a mulher como um ser igual ao homem, um ser tão relevante quanto o homem dentro da sociedade”, disse Fati.

As Nações Unidas calculam que um quarto das sobreviventes da mutilação genital feminina teve contato com um profissional de saúde.

A organização destaca ainda que as filhas de sobreviventes correm um risco significativamente maior de viverem a experiência, em comparação com as de mulheres que não passaram pelo procedimento.

Discriminação de mulheres e meninas 

O secretário-geral pede medidas definitivas para abordar normas sociais, econômicas e políticas que perpetuam a discriminação a mulheres e meninas, limitam a participação e liderança ou restringem seu acesso à educação e ao emprego. 

Nesse processo, ele sugere que sejam priorizadas as ações para desafiar as estruturas e atitudes de poder patriarcais que estão na origem da “prática abominável”. 

António Guterres também quer urgência em investimentos para atingir a meta estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de eliminar a mutilação genital feminina até 2030.

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