Pessoas com deficiência ganham 12% a menos, segundo dados da OIT

Portugal apresenta uma disparidade de 16% em análise que envolveu 30 economias, com a Estônia na primeira posição do ranking

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Um novo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) revela que trabalhadores com deficiência ganham 12% a menos, por hora, do que os colegas que não estejam nessa situação.

A diferença salarial aumenta quando se trata de países de rendas baixa e média-baixa, revela a publicação “Um estudo sobre os resultados de empregos e salários de pessoas com deficiência”.

Pessoas com deficiência em economias desenvolvidas

A análise da Organização Mundial do Trabalho (OIT) revela que Portugal apresenta disparidade de 16%. Entre as 30 economias analisadas, o país aparece depois de Estônia, da República Tcheca, do Reino Unido e da França.

O relatório enfatiza ainda que a diferença salarial média para pessoas com deficiência chega a 26% no caso de países de rendas baixa e média-baixa. No caso das economias desenvolvidas é de 9%.

Para a OIT, este tipo de disparidade não pode ser explicado por determinantes de capital humano e relacionado às profissões.

Bloqueio do uso de novas habilidades   

O relatório sublinha ainda que quase três quartos dessa diferença não podem ser explicados em termos de nível educacional, idade e categoria ocupacional. A análise destaca que o mesmo acontece em relação aos 11% da diferença salarial em países de renda baixa e média-baixa e de 5% em países desenvolvidos.

Pessoa com deficiência têm salários 12% mais baixos (Foto: getarchive.net/Cretive Commons)

O estudo sugere haver tentativas dos empregadores de “tentar bloquear o uso de habilidades aprendidas pelo trabalhador em novo emprego”.

As mulheres com deficiências vivem, no entanto, uma situação ainda pior. Em 14 países, a disparidade salarial entre gêneros é de 6% entre mulheres e homens em países desenvolvidos, e de 5% em economias em desenvolvimento.

Combate à disparidade salarial

O relatório disse que os salários-mínimos podem ter um papel no combate à disparidade salarial entre pessoas com deficiência em todo o mundo.

A análise aponta a tendência de as pessoas com deficiência estarem na extremidade inferior da distribuição salarial. Por isso defende que as políticas de salário-mínimo sejam uma ferramenta essencial para reduzir a disparidade salarial em relação às pessoas sem deficiência.

A OIT lista entre os fatores que podem explicar a super-representação de trabalhadores com deficiência entre os empregados pagos abaixo do salário-mínimo a fraca aplicação de políticas e as possíveis isenções legais de regulamentações de salário-mínimo.

A agência lembra ainda que uma estrutura para a implementação de regulamentações sobre o tema está prevista na Convenção sobre Fixação de Salário-Mínimo e na Recomendação sobre Fixação de Salário-Mínimo.

Tags: