Poluição do ar causou 8,1 milhões de mortes em 2021, aponta relatório

Estudo com participação do Unicef destaca Índia e China como os países que mais registraram óbitos causados pela poluição do ar.

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A poluição do ar provocou 8,1 milhões de mortes em todo o mundo em 2021. O número corresponde a 12% do total de óbitos ocorridos no período, segundo o relatório Estado do Ar Global 2024.

O estudo apresentado nesta quarta-feira (19) coloca em destaque a Índia, com 2,1 milhões de casos fatais, e a China, com 2,3 milhões. Os dois países concentram 54% da carga global total de doenças causadas pela poluição do ar.

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Pela análise da organização de pesquisa Health Effects Institute (HEI), em parceria com o Unicef (Fundo da ONU para a Infância), cerca de 169,4 mil crianças com menos de cinco anos perderam a vida devido à poluição do ar no período examinado.

No total de mortes na faixa etária destacam-se ainda a Nigéria com 114 mil, o Paquistão com 68,1 mil, a Etiópia com 31,1 mil e Bangladesh com 19,1 mil casos fatais.

Emissões de gases em um complexo industrial em Toronto, Canadá (Foto: ONU/Flickr)

A publicação menciona o Brasil pelo aumento em mais de 10% nas exposições ao ozônio ambiental na última década, ao lado de países como Índia, Nigéria e Paquistão. 

Acima de 90% do total global das mortes por poluição do ar são provocadas pelas chamadas PM2,5. Estas partículas minúsculas são produzidas por carros, caminhões e aviões e compõem a fumaça de incêndios florestais. 

Poluição do ar, do ambiente e doméstica

A poluição do ar, do ambiente e doméstica matou 7,8 milhões de pessoas. Pelo diâmetro minúsculo de 2,5 micrômetros, estas substâncias permanecem nos pulmões e entram na corrente sanguínea, afetando vários sistemas orgânicos. 

A presença das PM2,5 pode aumentar os riscos de enfermidades crônicas em adultos, como doenças cardíacas, derrame, diabetes, câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica.

As PM2,5 são consideradas o “precursor” mais consistente e preciso de dados precários da saúde em todo o mundo. De acordo com a presidente do HEI, Elena Craft, a expetativa é que a publicação Estado do Ar Global “forneça informações e inspiração para mudanças”.

A especialista destacou que a poluição do ar tem “enormes implicações para a saúde”, ao realçar que “já é sabido que melhorar a qualidade do ar e a saúde pública global é prático e possível”.

Controle de doenças crônicas 

Para a chefe de Saúde Global do HEI, Pallavi Pant, o novo relatório é um lembrete dos impactos significativos que a poluição do ar tem na saúde humana, “com muita carga suportada por crianças pequenas, populações mais velhas e países de baixa e média renda.”

Para a investigadora, esta realidade aponta a necessidade de fazer reformas para “dar uma oportunidade para cidades e países considerarem a qualidade do ar e a poluição do ar como fatores de alto risco ao desenvolver políticas de saúde e outros programas de prevenção e controle de doenças não transmissíveis.”

O relatório destaca o uso do poluente óxido de nitrogênio, NO2, comum em áreas urbanas, entre fatores que influenciam a saúde tal como as PM2.5, a poluição do ar doméstico pelo uso de combustíveis sólidos na cozinha e o ozônio troposférico.

Efeito da Covid-19 na carga global de doenças 

A exposição alta por NO2 e a possível reação com outros produtos químicos na atmosfera pode produzir partículas poluentes e ozônio e ditar o desenvolvimento da asma infantil. 

O primeiro relatório global que menciona o efeito da Covid-19 na carga global de doenças revela que a pandemia foi a segunda causa global de morte após a doença cardíaca isquêmica em 2021. 

O fato aconteceu pela primeira vez colocando a doença acima do acidente vascular cerebral, da doença pulmonar obstrutiva crônica e da doença respiratória inferior, para a qual a poluição do ar é um fator de alto risco.

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