Surto misterioso de hepatite infantil ultrapassa mil casos registrados, diz OMS

Até agora, 22 crianças morreram e quase metade dos casos prováveis, 484, foi relatada em 21 países da Europa

Além de combater a Covid-19 e o surto de varíola dos macacos, a OMS (Organização Mundial de Saúde) também está de olho na intrigante disseminação da hepatite em crianças previamente saudáveis, o que deixou dezenas delas precisando de transplantes de fígado.

De acordo com uma nova atualização na quarta-feira (13), 35 países em cinco regiões do mundo já relataram mais de mil casos prováveis ​​de hepatite aguda grave inexplicável em jovens desde o início do surto, em 5 de abril.

Até agora, 22 crianças morreram, sendo que quase metade dos casos prováveis ​​foram relatados na Europa, onde 21 países registraram um total de 484 casos. Isso inclui 272 casos no Reino Unido, 27% do total global, seguido pelas Américas, cujo total regional de 435 inclui 334 casos nos Estados Unidos, representando um terço dos casos em todo o mundo.

O próximo maior número de casos está nas regiões do Pacífico Ocidental (70 casos), do Sudeste Asiático (19) e do Mediterrâneo Oriental (dois casos). Dezessete países relataram mais de cinco casos prováveis, mas o número real de casos pode estar subestimado, em parte devido aos limitados sistemas de vigilância aprimorados em vigor, segundo a OMS.

Criança é vacinada contra sarampo em Camarões: imunização também combate a hepatite B (Foto: Unicef/Frank Dejongh)

De acordo com a última avaliação da agência de saúde da ONU, o risco de propagação desse surto de hepatite pediátrica é “moderado”.

Dos cem casos prováveis ​​com dados clínicos disponíveis, os sintomas mais comumente relatados foram náuseas ou vômitos (em 60% dos casos), icterícia (53%), fraqueza geral (52%) e dor abdominal (50%). O tempo médio entre o início dos sintomas e a internação foi de quatro dias.

Em exames laboratoriais, a OMS disse que a hepatite A a E não estava presente nas crianças afetadas. Outros patógenos, como o coronavírus, foram detectados em vários casos, mas os dados estão incompletos, disse a agência de saúde da ONU.

Os adenovírus, que causam uma ampla gama de doenças, como resfriados, febre, dores de garganta e pneumonia, têm sido “o patógeno mais frequentemente detectado” em casos de hepatite pediátrica, disse a OMS.

Na Europa, o adenovírus foi detectado por testes de reação em cadeia da polimerase (PCR) em 52% dos casos de hepatite infantil (193/368) até agora; no Japão, foi encontrado em apenas 9% dos casos (5/58).

Para promover uma melhor compreensão de onde o surto está acontecendo, a OMS lançou uma pesquisa online global, que também ajudará a comparar casos atuais com dados dos últimos cinco anos.

A OMS compartilhou a pesquisa voluntária em nove redes globais e regionais de hepatologistas pediátricos especializados em problemas associados ao fígado e outros órgãos, juntamente com outros médicos especialistas que trabalham nas principais unidades nacionais, solicitando dados agregados como parte da investigação global do evento.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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