75 mil palestinos enfrentam colapso humanitário após 80 dias de cerco ao norte de Gaza

Após o ataque ao único hospital ainda em plena operação na região, a OMS solicita ações imediatas para restaurar o funcionamento dos hospitais no norte de Gaza e garantir o suporte necessário

O prolongado cerco militar israelense ao norte da Faixa de Gaza, que já ultrapassa 80 dias, está colocando em risco a vida de 75 mil palestinos que permanecem na região, segundo alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS). A situação se agravou com o ataque israelense ao Hospital Kamal Adwan, que resultou na desativação da última unidade médica ainda em funcionamento na área.

Na quinta-feira (26), um ataque aéreo israelense atingiu um edifício em frente à sede do hospital, matando cerca de 50 palestinos, incluindo três profissionais da área de saúde. Em comunicado, a OMS expressou consternação com o ocorrido, destacando que a ação comprometeu diversas estruturas do hospital, como o laboratório, a unidade cirúrgica e o depósito de medicamentos.

Fumaça e chamas sobem em um prédio na Cidade de Gaza, em outubro de 2023 (Foto: WikiCommons)

Segundo a agência da ONU, pacientes e trabalhadores de saúde foram obrigados a evacuar para um hospital indonésio já inoperante, onde não há condições para atendimento médico. Além disso, relatos indicam que algumas pessoas foram despidas e forçadas a caminhar em direção ao sul de Gaza, uma região já superlotada devido à crise humanitária.

Ataques recorrentes a unidades de saúde

Desde outubro de 2024, a OMS registrou pelo menos 50 ataques a instalações de saúde na região, ressaltando que tais ações podem configurar violações das leis internacionais de guerra, que determinam que hospitais e profissionais de saúde devem ser protegidos de hostilidades.

A agência também destacou a necessidade urgente de restaurar os serviços médicos no norte de Gaza e pediu esforços internacionais para proteger civis e trabalhadores de saúde. Uma missão da OMS está planejada para transferir pacientes críticos com segurança para o sul, onde poderão receber tratamento.

Escalada de mortes

A ofensiva israelense em Gaza, iniciada após o ataque transfronteiriço do Hamas em 7 de outubro de 2023, já deixou cerca de 45,5 mil mortos, de acordo com fontes locais. O conflito reduziu grande parte do território a ruínas, com graves impactos na infraestrutura básica, como saúde, saneamento e abastecimento de alimentos.

No âmbito jurídico internacional, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu recentemente ordens de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, acusados de crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Além disso, o país enfrenta um processo por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça.

A situação no norte de Gaza ilustra a gravidade do colapso humanitário na região, com milhares de civis enfrentando condições extremas e escassez de recursos vitais, enquanto a comunidade internacional continua pressionada a intervir diante da escalada do conflito.

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