Após queda de Assad, EUA removem recompensa por ex-líder jihadista Ahmed al-Sharaa

Acordo entre Washington e o novo governo sírio visa estabilidade regional e combate a grupos terroristas, incluindo o Estado Islâmico

Os Estados Unidos anunciaram a remoção da recompensa de US$ 10 milhões por informações que levassem à captura de Ahmed al-Sharaa, ex-líder do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS). A decisão ocorre após o grupo liderado por Sharaa, anteriormente conhecido como Abu Mohammed al-Golani, ter tomado a capital Damasco e derrubado o governo de Bashar al-Assad. As informações são da Newsweek.

O anúncio foi feito após um encontro entre Sharaa e a secretária-assistente de Estado dos EUA para Assuntos do Oriente Próximo, Barbara Leaf. Durante a reunião, foi acertado que Sharaa trabalhará com Washington para prevenir atividades de grupos terroristas na Síria, garantindo que não representem ameaças ao país ou aos aliados regionais dos EUA.

Ahmed al-Sharaa (esq.), então conhecido como Abu Mohammed al-Golani (Foto: reprodução/Twitter)

Ahmed al-Sharaa, que abandonou o nome Golani para sinalizar o rompimento com seu passado jihadista, tem buscado reconstruir sua imagem e liderar a Síria em uma nova fase. Ele havia ingressado na Al-Qaeda antes da invasão americana ao Iraque em 2003 e fundado a Frente Nusra, uma ramificação da organização na Guerra Civil Síria, antes de romper oficialmente com o grupo em 2016.

“O momento é crucial para os sírios reconstruírem e reestruturarem seu país”, disse Barbara Leaf, destacando que o futuro da Síria depende de um processo político inclusivo e liderado por seus próprios cidadãos.

Sharaa foi designado como “terrorista global” pelos EUA em 2013, e a recompensa por sua captura foi adicionada em 2017. No entanto, sua liderança na ofensiva que tirou Assad do poder e sua disposição em cooperar com os americanos marcaram uma reviravolta em sua trajetória.

Estabilidade na região e combate ao terrorismo

Leaf enfatizou a importância do combate contínuo ao Estado Islâmico (EI), que ainda possui células ativas na Síria e regiões vizinhas. Ela destacou que o papel das Forças Democráticas da Síria (SDF), lideradas pelos curdos, permanece central nesse esforço. “É essencial que nada desvie a atenção da luta contra o ISIS”, afirmou.

Os EUA também pretendem apoiar o novo governo sírio para garantir sua independência em relação à influência de potências como Irã e Turquia. Leaf foi clara ao declarar que “o Irã não terá qualquer papel” no futuro da Síria.

Para analistas, a remoção da recompensa por Sharaa reflete uma tentativa dos EUA de estabilizar a região e consolidar um aliado estratégico no Oriente Médio.

“A transição da Síria é um exemplo raro de oportunidade para redefinir seu papel na região, mas os desafios internos e externos permanecem significativos”, disse a diplomata.

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