Artista de Israel fecha exposição na Bienal de Veneza em solidariedade a Gaza

Pressão da comunidade artística contra a participação israelense levou Ruth Patir a anunciar sua decisão como forma de protesto

Nesta terça-feira (16), a artista israelense Ruth Patir optou por fechar sua exposição na prestigiada Bienal de Veneza até que um cessar-fogo seja alcançado na Faixa de Gaza. A decisão veio após meses de pressão e é resultado da recente escalada de tensão no Oriente Médio. As informações são do jornal The New York Times.

A comunidade artística vinha pedindo que Israel fosse excluído da Bienal devido às ações em Gaza. Ruth Patir, a artista em questão, decidiu, portanto, fechar o pavilhão israelense. A exposição internacional de arte vai até novembro, e a artista espera que as condições para reabrir possam ser alcançadas até então.

“Eu odeio isso, mas acho que é importante”, justificou Ruth.

Ruth Patir é uma artista que tem em antigas estátuas de fertilidade um tema recorrente em seu trabalho (Foto: Ruth Patir/Reprodução Facebook)

Cerca de nove mil pessoas, incluindo artistas e diretores de museus, assinaram uma petição online em fevereiro exigindo a exclusão de Israel da Bienal, acusando o país de genocídio em Gaza em meio ao seu conflito com o Hamas. O governo israelense nega as acusações, e tanto os organizadores da Bienal quanto o governo italiano rejeitaram a petição, argumentando que é importante que o país em guerra participe da exposição.

Ruth acrescentou que, embora a Bienal, que abre ao público no sábado (20), seja uma grande oportunidade para uma jovem artista como ela, a situação em Gaza era “muito maior do que eu”, e sentiu que fechar o pavilhão era “a única ação” que poderia tomar.

Desde o início do conflito entre Israel e Hamas, em 7 de outubro, autoridades israelenses relatam cerca de 1,2 mil mortes e 240 reféns. Enquanto isso, a campanha do Estado judeu em Gaza, segundo autoridades do enclave, resultou em mais de 33 mil mortes. Esses eventos provocaram reações de artistas em todo o mundo, incluindo na cerimônia do Oscar e do Grammy Awards.

Ao longo das últimas décadas, a Bienal de Veneza tem frequentemente refletido as tensões entre Israel e outros países do Oriente Médio. Em 1982, após a invasão israelense ao Líbano, uma organização comunista italiana detonou uma bomba perto do pavilhão israelense, danificando algumas obras de arte. Em 2015, ativistas pró-Palestina chegaram a ocupar brevemente o pavilhão de Israel.

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